patrocinio

patrocinio
ligação patrocinador

domingo, 27 de março de 2016

Eis o dia que o Senhor fez, dia de festa e de alegria

Livro dos Actos dos Apóstolos 10,34a.37-43. 
Naqueles dias, Pedro tomou a palavra e disse: 
Vós sabeis o que aconteceu em toda a Judeia, a começar pela Galileia, depois do batismo que João pregou: 
Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele». 
Nós somos testemunhas de tudo o que Ele fez no país dos judeus e em Jerusalém; e eles mataram-n’O, suspendendo-O na cruz. 
Deus ressuscitou-O ao terceiro dia e permitiu-Lhe manifestar-Se,. 
não a todo o povo, mas às testemunhas de antemão designadas por Deus, a nós que comemos e bebemos com Ele, depois de ter ressuscitado dos mortos 
Jesus mandou-nos pregar ao povo e testemunhar que Ele foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. 
É d’Ele que todos os profetas dão o seguinte testemunho: quem acredita n’Ele recebe pelo seu nome a remissão dos pecados». 



Livro de Salmos 118(117),1-2.16ab-17.22-23. 
Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom, 
porque é eterna a sua misericórdia. 
Diga a casa de Israel: 
é eterna a sua misericórdia. 

A mão do Senhor fez prodígios, 
a mão do Senhor foi magnífica. 
Não morrerei, mas hei-de viver, 
para anunciar as obras do Senhor. 

A pedra que os construtores rejeitaram 
tornou-se pedra angular. 
Tudo isto veio do Senhor: 
é admirável aos nossos olhos. 




Carta aos Colossenses 3,1-4. 
Irmãos: Se ressuscitastes com Cristo, aspirai às coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. 
Afeiçoai-vos às coisas do alto e não às da terra. 
Porque vós morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. 
Quando Cristo, que é a vossa vida, Se manifestar, também vós vos manifestareis com Ele na glória. 



Evangelho segundo S. João 20,1-9. 
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. 
Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram». 
Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. 
Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. 
Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. 
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão 
e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. 
Entrou também o outro discípulo que chegara primeiro ao sepulcro: viu e acreditou. 
Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos. 


«Eis o dia que o Senhor fez, dia de festa e de alegria» (Sl 117,24)
O Sol da justiça (Mal 3,20), desaparecido há três dias, ergue-Se hoje e ilumina toda a criação: Cristo, que esteve no túmulo três dias, existia antes de todos os séculos! Ele rebenta a terra como uma vinha e enche de alegria toda a terra habitada. Fixemos os nossos olhos no nascer de um sol que nunca conhecerá o poente; façamos avançar o dia e enchamo-nos da alegria desta luz!

As portas dos infernos foram quebradas por Cristo, os mortos erguem-se como que de um sono. Cristo levanta-Se, Ele que é a ressurreição dos mortos, e vem despertar Adão. Cristo, ressurreição de todos os mortos, levanta-Se e vem libertar Eva da maldição. Cristo levanta-Se, Ele que é a ressurreição, e transfigura com a sua beleza aquilo que estava sem beleza nem brilho (Is 53,2). Como alguém que dormia, Cristo acordou e desfez todas as manhas do inimigo. Ele ressuscitou e dá alegria a toda a criação; ressuscitou e esvaziou a prisão do inferno; ressuscitou e transformou o corruptível em incorruptível (1Cor 15,53). Cristo ressuscitado estabeleceu Adão na incorruptibilidade, na sua dignidade original.

Em Cristo, a Igreja torna-se hoje num novo céu (Ap 21,1), um céu mais belo de contemplar do que o sol que nós vemos. O sol que vemos todos os dias não se pode comparar com esse Sol; tal como um servo cheio de respeito, eclipsou-se diante dele quando O viu suspenso da cruz (Mt 27,45). É desse Sol que o profeta diz: «O Senhor, Sol da justiça, ergueu-Se para os que O temem» (Mal 3,20). [..]. Por Ele, Cristo, Sol de justiça, a Igreja torna-se um céu resplandecente de muitas estrelas, saídas da piscina baptismal para uma nova luz. «Eis o dia que o Senhor fez; exultemos e rejubilemos nele» (Sl 117,24), transbordantes de divina alegria.


sábado, 26 de março de 2016

A noite que nos liberta do sono da morte

Livro de Êxodo 14,15-31.15,1a. 
Naqueles dias, disse o Senhor a Moisés: «Porque estás a bradar por Mim? Diz aos filhos de Israel que se ponham em marcha. 
E tu ergue a tua vara, estende a mão sobre o mar e divide-o, para que os filhos de Israel entrem nele a pé enxuto. 
Entretanto vou permitir que se endureça o coração dos egípcios, que hão-de perseguir os filhos de Israel. Manifestarei então a minha glória, triunfando do faraó, de todo o seu exército, dos seus carros e dos seus cavaleiros. 
Os egípcios reconhecerão que Eu sou o Senhor, quando Eu manifestar a minha glória, vencendo o faraó, os seus carros e os seus cavaleiros». 
O Anjo de Deus, que seguia à frente do acampamento de Israel, deslocou-se para a retaguarda. A coluna de nuvem que os precedia veio colocar-se atrás do acampamento 
e postou-se entre o campo dos egípcios e o de Israel. A nuvem era tenebrosa de um lado e do outro iluminava a noite, de modo que, durante a noite, não se aproximaram uns dos outros. 
Moisés estendeu a mão sobre o mar e o Senhor fustigou o mar, durante a noite, com um forte vento de leste. O mar secou e as águas dividiram-se. 
Os filhos de Israel penetraram no mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda. 
Os egípcios foram atrás deles: todos os cavalos do Faraó, os seus carros e cavaleiros seguiram-nos pelo mar dentro. 
Na vigília da manhã, o Senhor olhou da coluna de fogo e da nuvem para o acampamento dos egípcios e lançou nele a confusão. 
Bloqueou as rodas dos carros, que dificilmente se podiam mover. Então os egípcios disseram: «Fujamos dos israelitas, que o Senhor combate por eles contra os egípcios». 
O Senhor disse a Moisés: «Estende a mão sobre o mar e as águas precipitar-se-ão sobre os egípcios, sobre os seus carros e os seus cavaleiros». 
Moisés estendeu a mão sobre o mar e, ao romper da manhã, o mar retomou o seu nível normal, quando os egípcios fugiam na sua direção. E o Senhor precipitou-os no meio do mar. 
As águas refluíram e submergiram os carros, os cavaleiros e todo o exército do Faraó, que tinham entrado no mar, atrás dos filhos de Israel. Nem um só escapou. 
Mas os filhos de Israel tinham andado pelo mar a pé enxuto, enquanto as águas formavam muralha à direita e à esquerda. 
Nesse dia, o Senhor salvou Israel das mãos dos egípcios e Israel viu os egípcios mortos nas praias do mar. 
Viu também o grande poder que o Senhor exercera contra os egípcios, e o povo temeu o Senhor, acreditou n’Ele e em seu servo Moisés. 
Então Moisés e os filhos de Israel cantaram este hino em honra do Senhor: «Cantemos ao Senhor, que fez brilhar a sua glória, precipitou no mar o cavalo e o cavaleiro». 



Livro de Êxodo 15,1b-2.3-4.5-6.17-18. 
«Cantarei ao Senhor que é verdadeiramente grande: 
cavalo e cavaleiro lançou no mar.  
O Senhor é a minha força e a minha proteção: 
foi Ele quem me salvou 

Ele é o meu Deus: eu O exalto 
Ele é o Deus de meu pai: eu O glorifico. 
O Senhor é um guerreiro, Omnipotente é o seu nome; 
precipitou no mar os carros do Faraó e o seu exército. 

Os seus melhores combatentes afogaram-se no Mar Vermelho, 
foram engolidos pelas ondas, 
caíram como pedra no abismo. 
A vossa mão direita, Senhor, revelou a sua força, 

a vossa mão direita, Senhor, destroçou o inimigo. 
Mas, conduzistes com amor o povo que libertastes 
e com o vosso poder o levastes à vossa morada santa, 
à morada segura que fizestes, Senhor. 

O Senhor reinará pelos séculos dos séculos. 



Carta aos Romanos 6,3-11. 
Irmãos: Todos nós que fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte. 
Fomos sepultados com Ele pelo Batismo na sua morte, para que, assim como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, também nós vivamos uma vida nova. 
Se, na verdade, estamos totalmente unidos a Cristo pela semelhança da sua morte também o estaremos pela semelhança da sua ressurreição. 
Bem sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que fosse destruído o corpo do pecado e não mais fôssemos escravos dele.
Quem morreu, está livre do pecado. 
Se morremos com Cristo, acreditamos que também com Ele viveremos, 
sabendo que, uma vez ressuscitado dos mortos, Cristo já não pode morrer; a morte já não tem domínio sobre Ele. 
Porque na morte que sofreu, Cristo morreu para o pecado de uma vez para sempre; mas a sua vida é uma vida para Deus. 
Assim vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, em Cristo Jesus. 



Evangelho segundo S. Lucas 24,1-12. 
No primeiro dia da semana, ao romper da alva, as mulheres foram ao sepulcro, levando os perfumes que haviam preparado. 
Encontraram removida a pedra da porta do sepulcro 
e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. 
Estando elas perplexas com o caso, apareceram-lhes dois homens em trajes resplandecentes. 
Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, eles disseram-lhes: «Porque buscais o Vivente entre os mortos? 
Não está aqui; ressuscitou! Lembrai-vos de como vos falou, quando ainda estava na Galileia, 
dizendo que o Filho do Homem havia de ser entregue às mãos dos pecadores, ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia.» 
Recordaram-se, então, das suas palavras. 
Voltando do sepulcro, foram contar tudo isto aos Onze e a todos os restantes. 
Eram elas Maria de Magdala, Joana e Maria, mãe de Tiago. Também as outras mulheres que estavam com elas diziam isto aos Apóstolos; 
mas as suas palavras pareceram-lhes um desvario, e eles não acreditaram nelas. 
Pedro, no entanto, pôs-se a caminho e correu ao sepulcro. Debruçando-se, apenas viu as ligaduras e voltou para casa, admirado com o sucedido.


A noite que nos liberta do sono da morte
Vigiemos, irmãos, porque até esta noite Cristo permaneceu no túmulo. Foi durante esta noite que se deu a ressurreição da carne. Sobre a cruz, ela foi alvo de irrisão; hoje, os céus e a terra a adoram. Esta noite faz já parte do nosso domingo. Era mesmo preciso que Cristo ressuscitasse durante a noite, uma vez que a sua ressurreição iluminou as nossas trevas. Tal como a nossa fé, fortificada pela ressurreição de Cristo, afasta todo o sono, assim esta noite, iluminada pelas nossas velas, se enche de claridade. Ela faz-nos esperar, com a Igreja espalhada por toda a Terra, que não sejamos surpreendidos a meio da noite (Mc 13,33).

Em muitos países onde esta festa, tão solene para todos, reúne os povos em nome de Cristo, o sol já se pôs, mas o dia ainda não acabou; a claridade do céu deu lugar às luzes da terra. [...] Aquele que nos deu a glória do seu nome (Sl 28,2) iluminou também esta noite. Aquele a quem dizemos «Tu iluminas as minhas trevas» (Sl 18,29) derrama a sua claridade nos nossos corações. E, assim como os nossos olhos deslumbrados contemplam as velas acesas, assim o nosso espírito iluminado nos faz ver como esta noite é luminosa - esta santa noite em que o Senhor começou na sua própria carne a vida que não conhece o sono nem a morte!


sexta-feira, 25 de março de 2016

A cruz, árvore da vida

Livro de Isaías 52,13-15.53,1-12. 
Vede como vai prosperar o meu servo: subirá, elevar-se-á, será exaltado. 
Assim como, à sua vista, muitos se encheram de espanto – tão desfigurado estava o seu rosto que tinha perdido toda a aparência de um ser humano – assim se hão de encher de assombro muitas nações e, diante dele, os reis ficarão calados, porque hão de ver o que nunca lhes tinham contado e observar o que nunca tinham ouvido. 
agora fará com que muitos povos fiquem bem impressionados. Os reis ficarão boqueabertos, ao verem coisas inenarráveis, e ao contemplarem coisas inauditas. 
Quem acreditou no que ouvimos dizer? A quem se revelou o braço do Senhor? 
O meu servo cresceu diante do Senhor como um rebento, como raiz numa terra árida, sem distinção nem beleza para atrair o nosso olhar, nem aspeto agradável que possa cativar-nos. 
Desprezado e repelido pelos homens, homem de dores, acostumado ao sofrimento, era como aquele de quem se desvia o rosto, pessoa desprezível e sem valor para nós. 
Ele suportou as nossas enfermidades e tomou sobre si as nossas dores. Mas nós víamos nele um homem castigado, ferido por Deus e humilhado. 
Ele foi trespassado por causa das nossas culpas e esmagado por causa das nossas iniquidades. Caiu sobre ele o castigo que nos salva: pelas suas chagas fomos curados. 
Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, cada qual seguia o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre ele as faltas de todos nós. 
Maltratado, humilhou-se voluntariamente e não abriu a boca. Como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha muda ante aqueles que a tosquiam, ele não abriu a boca. 
Foi eliminado por sentença iníqua, mas quem se preocupa com a sua sorte? Foi arrancado da terra dos vivos e ferido de morte pelos pecados do seu povo. 
Foi-lhe dada sepultura entre os ímpios e um túmulo no meio de malfeitores, embora não tivesse cometido injustiça, nem se tivesse encontrado mentira na sua boca. 
Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento. Mas se oferecer a sua vida como sacrifício de expiação, terá uma descendência duradoira, viverá longos dias, e a obra do Senhor prosperará em suas mãos. 
Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades. 
Por isso, Eu lhe darei as multidões como prémio, e terá parte nos despojos no meio dos poderosos; porque ele próprio entregou a sua vida à morte e foi contado entre os malfeitores, tomou sobre si as culpas das multidões e intercedeu pelos pecadores. 



Livro de Salmos 31(30),2.6.12-13.15-16.17.25. 
Em Vós, Senhor, me refugio, jamais serei confundido, 
pela vossa justiça, salvai-me. 
Em vossas mãos entrego o meu espírito, 
Senhor, Deus fiel, salvai-me. 
Tornei-me o escárnio dos meus inimigos, 
o desprezo dos meus vizinhos 

e o terror dos meus conhecidos: 
todos evitam passar por mim. 
Esqueceram-me como se fosse um morto, 
tornei-me como um objeto abandonado. 
Eu, porém, confio no Senhor: 
Disse: «Vós sois o meu Deus, 

nas vossas mãos está o meu destino». 
Livrai-me das mãos dos meus inimigos 
e de quantos me perseguem. 
Fazei brilhar sobre mim a vossa face, 
salvai-me pela vossa bondade. 
Tende coragem e animai-vos, 

vós todos que esperais no Senhor. 



Carta aos Hebreus 4,14-16.5,7-9. 
Irmãos: Tendo nós um sumo sacerdote que penetrou os Céus, Jesus, Filho de Deus, permaneçamos firmes na profissão da nossa fé. 
Na verdade, nós não temos um sumo sacerdote incapaz de se compadecer das nossas fraquezas. Pelo contrário, Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado. 
Vamos, portanto, cheios de confiança ao trono da graça, a fim de alcançarmos misericórdia e obtermos a graça de um auxílio oportuno. 
Nos dias da sua vida mortal, Ele dirigiu preces e súplicas, com grandes clamores e lágrimas, Àquele que O podia livrar da morte, e foi atendido por causa da sua piedade. 
Apesar de ser Filho, aprendeu a obediência no sofrimento 
e, tendo atingido a sua plenitude, tornou-Se para todos os que Lhe obedecem causa de salvação eterna. 



Evangelho segundo S. João 18,1-40.19,1-42. 
Naquele tempo, Jesus saiu com os seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia lá um jardim, onde Ele entrou com os seus discípulos. 
Judas, que O ia entregar, conhecia também o local, porque Jesus Se reunira lá muitas vezes com os discípulos. 
Tomando consigo uma companhia de soldados e alguns guardas, enviados pelos príncipes dos sacerdotes e pelos fariseus, Judas chegou ali, com archotes, lanternas e armas. 
Sabendo Jesus tudo o que Lhe ia acontecer, adiantou-Se e perguntou-lhes:«A quem buscais?». 
Eles responderam-Lhe: «A Jesus, o Nazareno». Jesus disse-lhes: «Sou Eu». Judas, que O ia entregar, também estava com eles. 
Quando Jesus lhes disse: «Sou Eu», recuaram e caíram por terra. 
Jesus perguntou-lhes novamente: «A quem buscais?». Eles responderam: «A Jesus, o Nazareno». 
Disse-lhes Jesus: «Já vos disse que sou Eu. Por isso, se é a Mim que buscais, deixai que estes se retirem». 
Assim se cumpriam as palavras que Ele tinha dito: «Daqueles que Me deste, não perdi nenhum». 
Então, Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. 
Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a tua espada na bainha. Não hei-de beber o cálice que meu Pai Me deu?». 
Então, a companhia de soldados, o oficial e os guardas dos judeus apoderaram-se de Jesus e manietaram-n’O. 
Levaram-n’O primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote nesse ano. 
Caifás é que tinha dado o seguinte conselho aos judeus: «Convém que morra um só homem pelo povo». 
Entretanto, Simão Pedro seguia Jesus com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote, 
enquanto Pedro ficava à porta, do lado de fora. Então o outro discípulo, conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira e levou Pedro para dentro. 
A porteira disse a Pedro: «Tu não és dos discípulos desse homem?». Ele respondeu: «Não sou». 
Estavam ali presentes os servos e os guardas, que, por causa do frio, tinham acendido um braseiro e se aqueciam. Pedro também se encontrava com eles a aquecer-se. 
Entretanto, o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. 
Jesus respondeu-lhe: «Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. 
Porque Me interrogas? Pergunta aos que Me ouviram o que lhes disse: eles bem sabem aquilo de que lhes falei». 
A estas palavras, um dos guardas que estava ali presente deu uma bofetada a Jesus e disse-Lhe: «É assim que respondes ao sumo sacerdote?». 
Jesus respondeu-lhe: «Se falei mal, mostra-Me em quê. Mas, se falei bem, porque Me bates?». 
Então Anás mandou Jesus manietado ao sumo sacerdote Caifás. 
Simão Pedro continuava ali a aquecer-se. Disseram-lhe então: «Tu não és também um dos seus discípulos?». Ele negou, dizendo: «Não sou». 
Replicou um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: «Então eu não te vi com Ele no jardim?». 
Pedro negou novamente, e logo um galo cantou. 
Depois, levaram Jesus da residência de Caifás ao pretório. Era de manhã cedo. Eles não entraram no pretório, para não se contaminarem e assim poderem comer a Páscoa. 
Pilatos veio cá fora ter com eles e perguntou-lhes: «Que acusação trazeis contra este homem?». 
Eles responderam-lhe: «Se não fosse malfeitor, não t’O entregávamos». 
Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós próprios, e julgai-O segundo a vossa lei». Os judeus responderam: «Não nos é permitido dar a morte a ninguém». 
Assim se cumpriam as palavras que Jesus tinha dito, ao indicar de que morte ia morrer. 
Entretanto, Pilatos entrou novamente no pretório, chamou Jesus e perguntou-Lhe: «Tu és o rei dos judeus?». 
Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?». 
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?». 
Jesus respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». 
Disse-Lhe Pilatos: «Então, Tu és rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz». 
Disse-Lhe Pilatos: «Que é a verdade?». Dito isto, saiu novamente para fora e declarou aos judeus: «Não encontro neste homem culpa nenhuma. 
Mas vós estais habituados a que eu vos solte alguém pela Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?». 
Eles gritaram de novo: «Esse não. Antes Barrabás». Barrabás era um salteador. 
Então Pilatos mandou que levassem Jesus e O açoitassem. 
Os soldados teceram uma coroa de espinhos, colocaram-Lha na cabeça e envolveram Jesus num manto de púrpura. 
Depois aproximavam-se d’Ele e diziam: «Salve, rei dos judeus». E davam-Lhe bofetadas. 
Pilatos saiu novamente para fora e disse: «Eu vo-l’O trago aqui fora, para saberdes que não encontro n’Ele culpa nenhuma». 
Jesus saiu, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse-lhes: «Eis o homem». 
Quando viram Jesus, os príncipes dos sacerdotes e os guardas gritaram: «Crucifica-O! Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Tomai-O vós mesmos e crucificai-O, que eu não encontro n’Ele culpa alguma». 
Responderam-lhe os judeus: «Nós temos uma lei e, segundo a nossa lei, deve morrer, porque Se fez Filho de Deus». 
Quando Pilatos ouviu estas palavras, ficou assustado. 
Voltou a entrar no pretório e perguntou a Jesus: «Donde és Tu?». Mas Jesus não lhe deu resposta. 
Disse-Lhe então Pilatos: «Não me falas? Não sabes que tenho poder para Te soltar e para Te crucificar?». 
Jesus respondeu-lhe: «Nenhum poder terias sobre Mim, se não te fosse dado do alto. Por isso, quem Me entregou a ti tem maior pecado». 
A partir de então, Pilatos procurava libertar Jesus. Mas os judeus gritavam: «Se O libertares, não és amigo de César: todo aquele que se faz rei é contra César». 
Ao ouvir estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado «Lagedo», em hebraico «Gabatá». 
Era a Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse então aos judeus: «Eis o vosso rei!». 
Mas eles gritaram: «À morte, à morte! Crucifica-O!». Disse-lhes Pilatos: «Hei-de crucificar o vosso rei?». Replicaram-lhe os príncipes dos sacerdotes: «Não temos outro rei senão César». 
Entregou-lhes então Jesus, para ser crucificado. E eles apoderaram-se de Jesus. 
Levando a cruz, Jesus saiu para o chamado Lugar do Calvário, que em hebraico se diz Gólgota. 
Ali O crucificaram, e com Ele mais dois: um de cada lado e Jesus no meio. 
Pilatos escreveu ainda um letreiro e colocou-o no alto da cruz; nele estava escrito: «Jesus, o Nazareno, Rei dos judeus». 
Muitos judeus leram esse letreiro, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade. Estava escrito em hebraico, grego e latim. 
Diziam então a Pilatos os príncipes dos sacerdotes dos judeus: «Não escrevas: ‘Rei dos judeus’, mas que Ele afirmou: ‘Eu sou o rei dos judeus’». 
Pilatos retorquiu: «O que escrevi está escrito». 
Quando crucificaram Jesus, os soldados tomaram as suas vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica não tinha costura: era tecida de alto a baixo como um todo. 
Disseram uns aos outros: «Não a rasguemos, mas lancemos sortes, para ver de quem será». Assim se cumpria a Escritura: «Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sortes sobre a minha túnica». Foi o que fizeram os soldados. 
Estavam junto à cruz de Jesus sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 
Ao ver sua Mãe e o discípulo predileto, Jesus disse a sua Mãe: «Mulher, eis o teu filho». 
Depois disse ao discípulo: «Eis a tua Mãe». E a partir daquela hora, o discípulo recebeu-a em sua casa. 
Depois, sabendo que tudo estava consumado e para que se cumprisse a Escritura, Jesus disse: «Tenho sede». 
Estava ali um vaso cheio de vinagre. Prenderam a uma vara uma esponja embebida em vinagre e levaram-Lha à boca. 
Quando Jesus tomou o vinagre, exclamou: «Tudo está consumado». E, inclinando a cabeça, expirou. 
Por ser a Preparação, e para que os corpos não ficassem na cruz durante o sábado, – era um grande dia aquele sábado – os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. 
Os soldados vieram e quebraram as pernas ao primeiro, depois ao outro que tinha sido crucificado com ele. 
Ao chegarem a Jesus, vendo-O já morto, não Lhe quebraram as pernas, 
mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 
Aquele que viu é que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro. Ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 
Assim aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: «Nenhum osso lhe será quebrado». 
Diz ainda outra passagem da Escritura: «Hão-de olhar para Aquele que trespassaram». 
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, pediu licença a Pilatos para levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-lho. José veio então tirar o corpo de Jesus. 
Veio também Nicodemos, aquele que, antes, tinha ido de noite ao encontro de Jesus. Trazia uma mistura de quase cem libras de mirra e aloés. 
Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em ligaduras juntamente com os perfumes, como é costume sepultar entre os judeus. 
No local em que Jesus tinha sido crucificado, havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ainda ninguém fora sepultado. 
Foi aí que, por causa da Preparação dos judeus, porque o sepulcro ficava perto, depositaram Jesus. 


A cruz, árvore da vida

Havia uma árvore no meio do paraíso e a serpente serviu-se dela para enganar os nossos primeiros pais. Reparai nesta coisa espantosa: para iludir o homem, a serpente vai recorrer a um sentimento inerente à sua natureza. Com efeito, ao modelar o homem, o Senhor tinha colocado nele, para além de um conhecimento geral do universo, o desejo de Deus. Logo que o demónio descobriu esse desejo ardente, disse ao homem: «Sereis como deuses (Gn 3,5). Agora sois apenas homens e não podeis estar sempre com Deus; mas, se vos tornardes como deuses, estareis sempre com Ele». [...] Dessa forma, foi o desejo de ser igual a Deus que seduziu a mulher [...]; ela comeu e induziu o homem a fazer outro tanto. [...] Ora, após a falta, «Adão ouviu a voz do Senhor que Se passeava no paraíso ao cair da tarde» (Gn 3,8). [...] Bendito seja o Deus dos santos por ter visitado Adão ao cair da tarde! E por visitá-lo ainda agora, ao cair da tarde, na cruz.

Porque foi precisamente na hora em que Adão acabava de comer que o Senhor sofreu a sua paixão, nessas horas marcadas pelo pecado e pelo juízo, isto é, entre a sexta e a nona hora. Na hora sexta, Adão comeu, de acordo com a lei da natureza; em seguida, escondeu-se. E ao cair da tarde, Deus veio até ele.

Adão tinha desejado tornar-se Deus: tinha desejado uma coisa impossível. Mas Cristo realizou esse desejo. «Quiseste tornar-te», disse Ele, «o que não podias ser; mas Eu desejo tornar-Me homem, e posso sê-lo. Deus faz o contrário do que tu fizeste ao deixares-te seduzir: tu desejaste o que estava acima de ti e Eu tomo o que está abaixo de Mim. Tu desejaste ser igual a Deus e Eu quero ser igual ao homem. [...] Tu desejaste tornar-te Deus e não pudeste, e Eu faço-Me homem para tornar possível o que era impossível.» Sim, foi realmente para isso que Deus veio. Ele dá testemunho disso aos seus apóstolos: «Desejei tanto comer esta Páscoa convosco!» (Lc 22,15) [...] Deus desceu ao cair da tarde e disse: «Adão, onde estás?» (Gn 3,9) [...] Aquele que veio para sofrer é o mesmo que desceu ao Paraíso.


quinta-feira, 24 de março de 2016

Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

Livro de Êxodo 12,1-8.11-14. 
Naqueles dias, o Senhor disse a Moisés e a Aarão na terra do Egipto: 
«Este mês será para vós o princípio dos meses; fareis dele o primeiro mês do ano. 
Falai a toda a comunidade de Israel e dizei-lhe: No dia dez deste mês, procure cada qual um cordeiro por família, uma rês por cada casa. 
Se a família for pequena demais para comer um cordeiro, junte-se ao vizinho mais próximo, segundo o número de pessoas, tendo em conta o que cada um pode comer. 
Tomareis um animal sem defeito, macho e de um ano de idade. Podeis escolher um cordeiro ou um cabrito. 
Deveis conservá-lo até ao dia catorze desse mês. Então, toda a assembleia da comunidade de Israel o imolará ao cair da tarde. 
Recolherão depois o seu sangue, que será espalhado nos dois umbrais e na padieira da porta das casas em que o comerem. 
E comerão a carne nessa mesma noite; comê-la-ão assada ao fogo, com pães ázimos e ervas amargas. 
Quando o comerdes, tereis os rins cingidos, sandálias nos pés e cajado na mão. Comereis a toda a pressa: é a Páscoa do Senhor. 
Nessa mesma noite, passarei pela terra do Egipto e hei-de ferir de morte, na terra do Egipto, todos os primogénitos, desde os homens até aos animais. Assim exercerei a minha justiça contra os deuses do Egipto, Eu, o Senhor. 
O sangue será para vós um sinal, nas casas em que estiverdes: ao ver o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo exterminador, quando Eu ferir a terra do Egipto. 
Esse dia será para vós uma data memorável, que haveis de celebrar com uma festa em honra do Senhor. Festejá-lo-eis de geração em geração, como instituição perpétua». 



Livro de Salmos 116(115),12-13.15-16bc.17-18. 
Como agradecerei ao Senhor 
tudo quanto Ele me deu? 
Elevarei o cálice da salvação, 
invocando o nome do Senhor. 

É preciosa aos olhos do Senhor 
a morte dos seus fiéis. 
Senhor, sou vosso servo, filho da vossa serva: 
quebrastes as minhas cadeias. 

Oferecer-Vos-ei um sacrifício de louvor, 
invocando, Senhor, o vosso nome. 
Cumprirei as minhas promessas ao Senhor 
na presença de todo o povo, 




1ª Carta aos Coríntios 11,23-26. 
Irmãos: Eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: o Senhor Jesus, na noite em que ia ser entregue, tomou o pão 
e, dando graças, partiu-o e disse: «Isto é o meu Corpo, entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim». 
Do mesmo modo, no fim da ceia, tomou o cálice e disse: «Este cálice é a nova aliança no meu Sangue. Todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de Mim». 
Na verdade, todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes deste cálice, anunciareis a morte do Senhor, até que Ele venha. 



Evangelho segundo S. João 13,1-15. 
Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. 
No decorrer da ceia, tendo já o Demónio metido no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, a ideia de O entregar, 
Jesus, sabendo que o Pai Lhe tinha dado toda a autoridade, sabendo que saíra de Deus e para Deus voltava, 
levantou-Se da mesa, tirou o manto e tomou uma toalha, que pôs à cintura. 
Depois, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugá-los com a toalha que pusera à cintura. 
Quando chegou a Simão Pedro, este disse-Lhe: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?». 
Jesus respondeu: «O que estou a fazer, não o podes entender agora, mas compreendê-lo-ás mais tarde». 
Pedro insistiu: «Nunca consentirei que me laves os pés». Jesus respondeu-lhe: «Se não tos lavar, não terás parte comigo». 
Simão Pedro replicou: «Senhor, então não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça». 
Jesus respondeu-lhe: «Aquele que já tomou banho está limpo e não precisa de lavar senão os pés. Vós estais limpos, mas não todos». 
Jesus bem sabia quem O havia de entregar. Foi por isso que acrescentou: «Nem todos estais limpos». 
Depois de lhes lavar os pés, Jesus tomou o manto e pôs-Se de novo à mesa. Então disse-lhes: «Compreendeis o que vos fiz? 
Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque o sou. 
Se Eu, que sou Mestre e Senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. 
Dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também». 


Ele, que amara os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
«Tende entre vós os mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus: Ele, que é de condição divina», igual a Deus por natureza uma vez que partilha do seu poder, da sua eternidade e do seu próprio ser [...], cumpriu o ofício de servo, rebaixando-Se e «tornando-Se obediente até à morte e morte de cruz» (Fil 2,5-8). Poder-se-ia considerar de somenos que, sendo seu Filho e seu igual, Ele tivesse servido o Pai como um servo; mas Ele foi ainda mais longe e serviu o seu próprio servo [...]. Porque o homem tinha sido criado para servir o seu Criador e é de toda a justiça que sirva Aquele que o criou, sem o qual não existiria. E não pode conhecer maior felicidade que servi-Lo, uma vez que servi-Lo é reinar. Mas o homem disse ao seu Criador: «Não servirei!» (Jer 2,20).

«Pois bem, servir-te-ei Eu!», respondeu o Criador ao homem. «Senta-te à mesa; farei Eu o serviço: lavar-te-ei os pés. Descansa; tomarei os teus males sobre os meus ombros; carregarei com todas as tuas fraquezas. [...] Se estiveres fatigado ou sobrecarregado, levar-te-ei, a ti e à tua carga, a fim de ser o primeiro a cumprir a minha lei: "Levai os fardos uns dos outros" (Gal 6,2). [...] Se tiveres fome ou sede [...], eis-Me pronto a ser imolado, para que possas comer a minha carne e beber o meu sangue. [...] Se te levarem para o cativeiro ou te venderem, eis-Me aqui [...]: resgato-te pelo preço que derem por Mim. [...] Se estiveres doente, se receares a morte, morrerei em vez de ti para que do meu sangue faças remédio para a vida.» [...]

Ó meu Senhor, por que preço resgataste o meu serviço inútil! [...] Com que arte plena de amor, de doçura e de benevolência recuperaste e submeteste este servo rebelde, triunfando do mal pelo bem, confundindo o meu orgulho com a tua humildade, cumulando o ingrato com os teus benefícios! Eis o triunfo da tua sabedoria!