Livro de Tobias 11,5-15a.
Naqueles dias, Ana, mulher de Tobit, estava sentada, percorrendo com a vista o caminho por onde seu filho Tobias devia voltar.
Quando verificou que ele estava a chegar, disse a Tobit: «O teu filho está a chegar com o homem que o acompanhou».
O Anjo Rafael tinha dito a Tobias, antes de que ele se aproximasse do pai: «Estou certo de que se abrirão os olhos de teu pai.
Unta-lhe os olhos com o fel de peixe: o remédio fará que as manchas se reduzam e desapareçam dos seus olhos. Teu pai vai recuperar a vista e verá a luz».
Ana correu a lançar-se ao pescoço de seu filho e disse-lhe: «Já te vejo, meu filho. Agora posso morrer». E começou a chorar.
Tobit levantou-se e, embora tropeçando, conseguiu sair pela porta do pátio.
Tobias foi ao seu encontro, com o fel de peixe na mão; soprou-lhe nos olhos, segurou-o e disse-lhe: «Coragem, pai!». Depois aplicou-lhe o remédio
e, com ambas as mãos, tirou-lhe uma espécie de pele dos cantos dos olhos
Então Tobit lançou-se-lhe ao pescoço e chorou, dizendo: «Já te vejo, meu filho, luz dos meus olhos».
E exclamou: «Bendito seja Deus, bendito seja o seu santo nome. Benditos sejam os seus santos Anjos por todos os séculos.
Porque Deus tinha-me ferido, mas compadeceu-Se de mim, e agora vejo meu filho Tobias».
Livro de Salmos 146(145),2abc.7.8-9a.9bc-10.
Louva, ó mimnha alma, o Senhor.
Hei-de louvar o Senhor enquanto viver.
Hei-de cantar salmos ao meu Deus,
O Senhor faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome
e a liberdade aos cativos.
O Senhor ilumina os olhos dos cegos,
o Senhor levanta os abatidos,
o Senhor ama os justos.
o Senhor protege os peregrinos,
ampara o órfão e a viúva.
mas entrava o caminho aos pecadores.
O Senhor reina eternamente.
O teu Deus, ó Sião,
é Rei por todas as gerações.
Evangelho segundo S. Marcos 12,35-37.
Naquele tempo, Jesus ensinava no templo, dizendo: «Como podem os escribas dizer que o Messias é filho de David?
O próprio David afirmou, sob a ação do Espírito Santo: ‘Disse o Senhor ao meu Senhor: Senta-Te à minha direita, até que Eu faça dos teus inimigos escabelo dos meus pés’.
O próprio David Lhe chama ‘Senhor’. Como pode ser seu filho?». E a numerosa multidão escutava com prazer o que Jesus dizia.
«O próprio David Lhe chama Senhor»
Na versão grega dos livros do Antigo Testamento, o nome inefável com o qual Deus Se revelou a Moisés, Iahweh, é traduzido por «Kýrios» [«Senhor«]. «Senhor» torna-se desde então o nome mais habitual para designar a própria divindade do Deus de Israel. É neste sentido forte que o Novo Testamento utiliza o título de «Senhor» para o Pai, e também - e aí está a novidade - para Jesus, reconhecido assim como o próprio Deus.
O próprio Jesus Se atribui de maneira velada este título quando discute com os fariseus o sentido do Salmo 110, mas também de modo explícito quando Se dirige aos seus apóstolos. Ao longo de toda a sua vida pública, os seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, sobre os demónios, sobre a morte e o pecado demonstravam a sua soberania divina.
É muito frequente, nos Evangelhos, as pessoas dirigirem-se a Jesus chamando-Lhe «Senhor». Este título exprime o respeito e a confiança dos que se aproximam de Jesus esperando que Ele os ajude e os cure; sob a moção do Espírito Santo, ele exprime o reconhecimento do mistério divino de Jesus. No encontro com Jesus ressuscitado, transforma-se numa expressão de adoração: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20,28); assume então uma conotação de amor e afeição que se tornará peculiar à tradição cristã: «É o Senhor!» (Jo 21,7).
Ao atribuir a Jesus o título divino de «Senhor», as primeiras confissões de fé da Igreja afirmam, desde o início, que o poder, a honra e a glória devidos a Deus Pai cabem também a Jesus, por Ele ser «de condição divina» (Fil 2,6) e o Pai ter manifestado esta soberania de Jesus ressuscitando-O dos mortos e exaltando-O na sua glória.
Desde o principio da história cristã, a afirmação do senhorio de Jesus sobre o mundo e sobre a história significa também o reconhecimento de que o homem não deve submeter a sua liberdade pessoal de maneira absoluta a nenhum poder terrestre, mas somente a Deus Pai e ao Senhor Jesus Cristo: César não é «o Senhor«. A Igreja crê [...] que a chave, o centro e o fim de toda a história humana se encontram no seu Senhor e Mestre.
A oração cristã é marcada pelo título «Senhor», quer se trate do convite à oração: «o Senhor esteja convosco», da conclusão da oração: «por Jesus Cristo nosso Senhor», ou ainda do grito cheio de confiança e de esperança: «Maran atha!» («o Senhor vem!») ou «Marana tha!» («Vem, Senhor!») (1Cor 16,22): «Amém, vem, Senhor Jesus!» (Ap 2,20).
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