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quinta-feira, 27 de abril de 2017

Todo aquele que nele crê não perece

Livro dos Actos dos Apóstolos 5,17-26. 

Naqueles dias, o sumo sacerdote e todo o seu grupo, isto é, o partido dos saduceus, enfurecidos contra os Apóstolos,
mandaram-nos prender e meteram-nos na cadeia pública.
Mas, durante a noite, o Anjo do Senhor abriu as portas da prisão, levou-os para fora e disse-lhes:
«Ide apresentar-vos no templo, a anunciar ao povo todas estas palavras de vida».
Tendo ouvido isto, eles entraram no templo de madrugada e começaram a ensinar. Entretanto, chegou o sumo sacerdote com o seu grupo. Convocaram o Sinédrio e todo o Senado dos israelitas e mandaram buscar os Apóstolos à cadeia.
Os guardas foram lá, mas não os encontraram na prisão; e voltaram para avisar:
«Encontrámos a cadeia fechada com toda a segurança e os guardas de sentinela à porta. Abrimo-la, mas não encontrámos ninguém lá dentro».
Ao ouvirem estas palavras, o comandante do templo e os príncipes dos sacerdotes ficaram muito perplexos, perguntando entre si o que se tinha passado com os presos.
Entretanto, veio alguém comunicar-lhes: «Os homens que metestes na cadeia estão no templo a ensinar o povo».
Então o comandante do templo foi lá com os guardas e trouxe os Apóstolos, mas sem violência, porque tinham receio de serem apedrejados pelo povo.

Livro de Salmos 34(33),2-3.4-5.6-7.8-9. 

A toda a hora bendirei o Senhor,
o seu louvor estará sempre na minha boca.
A minha alma gloria-se no Senhor:
escutem e alegrem-se os humildes.

Enaltecei comigo o Senhor
e exaltemos juntos o seu nome.
Procurei o Senhor e Ele atendeu-me,
libertou-me de toda a ansiedade.

Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes,
o vosso rosto não se cobrirá de vergonha.
Este pobre clamou e o Senhor o ouviu,
salvou-o de todas as angústias.

O Anjo do Senhor protege os que O temem
e defende-os dos perigos.
Saboreai e vede como o Senhor é bom:
feliz o homem que n’Ele se refugia.


Evangelho segundo S. João 3,16-21. 

Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele».
Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus.
E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras.
Todo aquele que pratica más ações odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas.
Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus».

Todo aquele que nele crê não perece, mas tem a vida eterna


Que nos ensina a cruz de Cristo, que é, em certo sentido, a última palavra da sua mensagem e da sua missão messiânica? Em certo sentido — note-se bem —, porque não é ela ainda a última palavra da Aliança de Deus. A última palavra seria pronunciada na madrugada, quando, primeiro as mulheres e depois os Apóstolos, ao chegarem ao sepulcro de Cristo crucificado, o vão encontrar vazio, e ouvem pela primeira vez este anúncio: «Ressuscitou». Depois, repetirão aos outros tal anúncio e serão testemunhas de Cristo Ressuscitado.

Mas, mesmo na glorificação do Filho de Deus, continua a estar presente a Cruz que, através de todo o testemunho messiânico do Homem-Filho que nela morreu, fala e não cessa de falar de Deus-Pai, que é absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem, pois «amou tanto o mundo», e portanto, o homem no mundo, «que  entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna».

Crer no Filho crucificado significa «ver o Pai» (Jo 14,9), significa crer que o amor está presente no mundo e que o amor é mais forte do que toda a espécie de mal em que o homem, a humanidade e o mundo estão envolvidos. Crer neste amor significa acreditar na misericórdia. Esta é, de facto, a dimensão indispensável do amor, é como que o seu segundo nome e, ao mesmo tempo, é o modo específico da sua revelação e atuação perante a realidade do mal que existe no mundo, que assedia e atinge o homem, que se insinua mesmo no seu coração e o «pode fazer perecer na Geena» (Mt 10,28).


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Mas quem não acreditar será condenado.

1ª Carta de S. Pedro 5,5b-14. 

Revesti-vos de humildade, uns para com os outros, porque «Deus resiste aos soberbos e dá a graça aos humildes».
Humilhai-vos sob a poderosa mão de Deus, para que Ele vos exalte no tempo oportuno.
Confiai-Lhe todas as vossas preocupações, porque Ele vela por vós.
Sede sóbrios e vigiai. O vosso inimigo, o diabo, anda à vossa volta, como leão que ruge, procurando a quem devorar.
Resisti-lhe, firmes na fé, sabendo que os vossos irmãos espalhados pelo mundo suportam os mesmos sofrimentos.
O Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua eterna glória em Cristo, depois de terdes sofrido um pouco, vos restabelecerá, vos aperfeiçoará, vos fortificará e vos tornará inabaláveis.
A Ele o poder e a glória pelos séculos dos séculos. Ámen.
Foi por meio de Silvano, a quem considero irmão de confiança, que vos escrevi estas breves palavras, para vos exortar e assegurar que é esta a verdadeira graça de Deus. Permanecei firmes nela.
Saúda-vos a comunidade estabelecida em Babilónia, eleita como vós, e também Marcos, meu filho.
Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade. Paz a todos os que estais em Cristo.


Livro de Salmos 89(88),2-3.6-7.16-17. 

Cantarei eternamente as misericórdias do Senhor
e para sempre proclamarei a sua fidelidade.
Vós dissestes: «A bondade está estabelecida para sempre»,
no céu permanece firme a vossa fidelidade.

Senhor, os céus proclamam as vossas maravilhas
e a assembleia dos santos a vossa fidelidade.
Quem sobre as nuvens se pode comparar ao Senhor?
Quem entre os filhos de Deus será igual ao Senhor?

Feliz do povo que sabe aclamar-Vos e caminha, Senhor, à luz do vosso rosto.
Todos os dias aclama o vosso nome
e se gloria com a vossa justiça.


Evangelho segundo S. Marcos 16,15-20. 

Naquele tempo, Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura.
Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte, e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

«O Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra»


O Senhor disse aos Onze: «Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados.» No início da Igreja, todos os sinais que o Senhor estabelece aqui foram cumpridos à risca, não só pelos apóstolos, mas por muitos outros santos. Os pagãos não teriam abandonado a adoração dos ídolos se a pregação do Evangelho não tivesse sido confirmada por tantos sinais e milagres. De facto, não pregavam os discípulos de Cristo «um Messias crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios», nas palavras de São Paulo? (1Cor 1,23) [...]

Para nós, doravante, deixaram de ser necessários sinais e prodígios: basta-nos ler ou ouvir o relato daqueles que foram realizados. Porque acreditamos nos Evangelhos, acreditamos nas Escrituras que os contam. E, no entanto, ainda hoje se produzem sinais todos os dias; e, se prestarmos bem atenção, reconheceremos que eles têm muito mais valor do que os milagres materiais de outrora.

Todos os dias os padres administram o batismo e chamam à conversão: não é isto expulsar os demónios? Todos os dias falam uma nova linguagem quando explicam a Sagrada Escritura, substituindo a letra antiga pela novidade do sentido espiritual. Põem em fuga as serpentes, quando libertam os corações dos pecadores de seus laços com o mal por meio de suaves exortações [...]; curam os doentes quando reconciliam com Deus, através de suas orações, as almas enfermas. Estes eram os sinais que o Senhor havia prometido aos seus santos: eles os realizam ainda hoje.


sábado, 22 de abril de 2017

Censurou-os pela sua incredulidade

Livro dos Actos dos Apóstolos 4,13-21. 

Naqueles dias, os chefes do povo, os anciãos e os escribas, vendo a firmeza de Pedro e de João e verificando que eram homens iletrados e plebeus, ficaram surpreendidos. Reconheciam-nos como companheiros de Jesus,
mas, como viam diante deles o homem que fora curado, nada podiam replicar.
Mandaram-nos então sair do Sinédrio e começaram a deliberar entre si:
«Que havemos de fazer a estes homens? Que se realizou por meio deles um milagre, sabem-no todos os habitantes de Jerusalém e não podemos negá-lo.
Mas para que isto não continue a divulgar-se entre o povo, vamos intimá-los com ameaças que não falem desse nome a ninguém.
Chamaram-nos então e proibiram-nos terminantemente falar ou ensinar em nome de Jesus.
Mas Pedro e João responderam: «Se é justo aos olhos de Deus obedecer-vos antes a vós que a Ele, julgai-o vós próprios.
Nós é que não podemos calar o que vimos e ouvimos».
Depois de novas ameaças, puseram-nos em liberdade, pois não encontravam modo de os castigar, por causa do povo, uma vez que todos davam glória a Deus pelo que tinha acontecido.


Livro de Salmos 118(117),1.14-15ab.16-18.19-21. 

Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterna a sua misericórdia.
O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória,
foi Ele o meu Salvador.
Gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos:
a mão do Senhor fez prodígios.

Gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos:
a mão do Senhor fez prodígios.
mão do SENHOR foi magnífica; a mão do SENHOR fez maravilhas.»
Não morrerei, mas hei-de viver
para anunciar as obras do Senhor.
Com dureza me castigou o Senhor,

mas não me deixou morrer.
Abri-me as portas da justiça:
entrarei para dar graças ao Senhor.
Esta é a porta do Senhor:
os justos entrarão por ela.
Eu Vos darei graças porque me ouvistes
e fostes o meu Salvador.

Evangelho segundo S. Marcos 16,9-15. 

Jesus ressuscitou na manhã do primeiro dia da semana e apareceu em primeiro lugar a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demónios.
Ela foi anunciar aos que tinham andado com Ele e estavam mergulhados em tristeza e pranto.
Eles, porém, ouvindo dizer que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não acreditaram.
Depois disto, manifestou-Se com aspeto diferente a dois deles que iam a caminho do campo.
E eles correram a anunciar aos outros, mas também não lhes deram crédito.
Mais tarde apareceu aos Onze, quando eles estavam sentados à mesa, e censurou-os pela sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que O tinham visto ressuscitado.
E disse-lhes: «Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura».


«Censurou-os pela sua incredulidade.»


Quando há abundância de sinais e de testemunhos, é menos meritório acreditar. [...] É por isso que Deus só realiza obras maravilhosas quando elas são absolutamente necessárias para a fé dos homens. Por este motivo, e a fim de que os seus discípulos não fossem privados do mérito da fé por terem tido experiência directa da sua ressurreição, antes de lhes aparecer, dispôs as coisas de modo que eles acreditassem sem O terem visto.

A Maria Madalena, começou por lhe mostrar o túmulo vazio; em seguida, instruiu-a por meio dos anjos, porque «a fé vem da pregação», como diz S. Paulo (Rom 10,17). O Senhor queria que ela cresse ouvindo e antes de ver; e, quando O viu, foi sob a aparência de um jardineiro, a fim de completar a sua instrução na fé.

Aos discípulos, começou por lhes enviar as santas mulheres, que lhes disseram que Ele tinha ressuscitado. Aos peregrinos de Emaús, começou por lhes inflamar o coração na fé, antes de Se lhes revelar. Por fim, repreendeu os discípulos por não terem acreditado. E a Tomé, que tinha querido tocar-Lhe nas chagas, disse: «Bem-aventurados os que, sem terem visto, acreditam!» (Jo 20,29)


domingo, 9 de abril de 2017

Bendito o que vem em nome do Senhor

Livro de Isaías 50,4-7. 

O Senhor deu-me a graça de falar como um discípulo, para que eu saiba dizer uma palavra de alento aos que andam abatidos. Todas as manhãs Ele desperta os meus ouvidos, para eu escutar, como escutam os discípulos. 
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não resisti nem recuei um passo. 
Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me insultavam e cuspiam.
Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio, e, por isso, não fiquei envergonhado; tornei o meu rosto duro como pedra, e sei que não ficarei desiludido. 


Livro de Salmos 22(21),8-9.17-18a.19-20.23-24. 

Todos os que me veem escarnecem de mim, 
estendem os lábios e meneiam a cabeça: 
«Confiou no Senhor, Ele que o livre, 
Ele que o salve, se é seu amigo». 

Matilhas de cães me rodearam, 
cercou-me um bando de malfeitores. 
Trespassaram as minhas mãos e os meus pés, 
posso contar todos os meus ossos. 

Repartiram entre si as minhas vestes 
e deitaram sortes sobre a minha túnica. 
Mas Vós, Senhor, não Vos afasteis de mim, 
sois a minha força, apressai-Vos a socorrer-me. 

Hei-de falar do vosso nome aos meus irmãos, 
hei-de louvar-Vos no meio da assembleia. 
Vós que temeis o Senhor, louvai-O, 
glorificai-O, vós todos os filhos de Jacob, 
reverenciai-O, vós todos os filhos de Israel. 

Carta aos Filipenses 2,6-11. 

Cristo Jesus, que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, 
mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, 
humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz. 
Por isso Deus O exaltou e Lhe deu um nome que está acima de todos os nomes, 
para que ao nome de Jesus todos se ajoelhem no céu, na terra e nos abismos, 
e toda a língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai. 


Evangelho segundo S. Mateus 26,14-75.27,1-66. 

Naquele tempo, um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes 
e disse-lhes: «Que estais dispostos a dar-me para vos entregar Jesus?». Eles garantiram-lhe trinta moedas de prata. 
E a partir de então, Judas procurava uma oportunidade para O entregar. 
No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Onde queres que façamos os preparativos para comer a Páscoa?». 
Ele respondeu: «Ide à cidade, a casa de tal pessoa, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: O meu tempo está próximo. É em tua casa que Eu quero celebrar a Páscoa com os meus discípulos’». 
Os discípulos fizeram como Jesus lhes tinha mandado e prepararam a Páscoa. 
Ao cair da noite, sentou-Se à mesa com os Doze. 
Enquanto comiam, declarou: «Em verdade vos digo: Um de vós há-de entregar-Me». 
Profundamente entristecidos, começou cada um a perguntar-Lhe: «Serei eu, Senhor?». 
Jesus respondeu: «Aquele que meteu comigo a mão no prato é que há-de entregar-Me. 
O Filho do homem vai partir, como está escrito acerca d’Ele. Mas ai daquele por quem o Filho do homem vai ser entregue! Melhor seria para esse homem não ter nascido». 
Judas, que O ia entregar, tomou a palavra e perguntou: «Serei eu, Mestre?». Respondeu Jesus: «Tu o disseste». 
Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e deu-o aos discípulos, dizendo: «Tomai e comei: Isto é o meu corpo». 
Tomou em seguida um cálice, deu graças e entregou-lho, dizendo: «Bebei dele todos, 
porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, derramado pela multidão, para remissão dos pecados. 
Eu vos digo que não beberei mais deste fruto da videira, até ao dia em que beberei convosco o vinho novo no reino de meu Pai». 
Cantaram os salmos e seguiram para o monte das Oliveiras. 
Então, Jesus disse-lhes: «Todos vós, esta noite, vos escandalizareis por minha causa, como está escrito: ‘Ferirei o pastor. e dispersar-se-ão as ovelhas do rebanho’. 
Mas, depois de ressuscitar, preceder-vos-ei a caminho da Galileia». 
Pedro interveio, dizendo: «Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu não me escandalizarei». 
Jesus respondeu-lhe: «Em verdade te digo: Esta mesma noite, antes de o galo cantar, Me negarás três vezes». 
Pedro disse-lhe: «Ainda que tenha de morrer contigo, não Te negarei». E o mesmo disseram todos os discípulos. 
Então, Jesus chegou com eles a uma propriedade, chamada Getsémani, e disse aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar». 
E, tomando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-Se e a angustiar-Se. 
Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte. Ficai aqui e vigiai comigo». 
E, adiantando-Se um pouco mais, caiu com o rosto por terra, enquanto orava e dizia: «Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice. Todavia, não se faça como Eu quero, mas como Tu queres». 
Depois, foi ter com os discípulos, encontrou-os a dormir e disse a Pedro: «Nem sequer pudestes vigiar uma hora comigo! 
Vigiai e orai, para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca». 
De novo Se afastou, pela segunda vez, e orou, dizendo: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade». 
Voltou novamente e encontrou-os a dormir, pois os seus olhos estavam pesados de sono. 
Deixou-os e foi de novo orar, pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras. 
Veio então ao encontro dos discípulos e disse-lhes: «Dormi agora e descansai. Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser entregue às mãos dos pecadores. 
Levantai-vos, vamos. Aproxima-se aquele que Me vai entregar». 
Ainda Jesus estava a falar, quando chegou Judas, um dos Doze, e com ele uma grande multidão, com espadas e varapaus, enviada pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos do povo. 
O traidor tinha-lhes dado este sinal: «Aquele que eu beijar, é esse mesmo. Prendei-O». 
Aproximou-se imediatamente de Jesus e disse-Lhe: «Salve, Mestre!». E beijou-O. 
Jesus respondeu- lhe: «Amigo, a que vieste?». Então avançaram, deitaram as mãos a Jesus e prenderam-n’O. 
Um dos que estavam com Jesus levou a mão à espada, desembainhou-a e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. 
Jesus disse-lhe: «Mete a tua espada na bainha, pois todos os que puxarem da espada morrerão à espada. 
Pensas que não posso rogar a meu Pai que ponha já ao meu dispor mais de doze legiões de Anjos? 
Mas como se cumpririam as Escrituras, segundo as quais assim tem de acontecer?». 
Voltando-Se depois para a multidão, Jesus disse: «Viestes com espadas e varapaus para Me prender como se fosse um salteador! Eu estava todos os dias sentado no templo a ensinar e não Me prendestes... 
Mas, tudo isto aconteceu para se cumprirem as Escrituras dos profetas». Então todos os discípulos O abandonaram e fugiram. 
Os que tinham prendido Jesus levaram-n’O à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos se tinham reunido. 
Pedro foi-O seguindo de longe, até ao palácio do sumo sacerdote. Aproximando-se, entrou e sentou-se com os guardas, para ver como acabaria tudo aquilo. 
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam um testemunho falso contra Jesus para O condenarem à morte, 
mas não o encontravam, embora se tivessem apresentado muitas testemunhas falsas. Por fim, apresentaram-se duas 
que disseram: «Este homem afirmou: ‘Posso destruir o templo de Deus e reconstruí-lo em três dias’». 
Então o sumo sacerdote levantou-se e disse a Jesus: R «Não respondes nada? Que dizes ao que depõem contra Ti?». 
Mas Jesus continuava calado. Disse-Lhe o sumo sacerdote: «Eu Te conjuro pelo Deus vivo, que nos declares se és Tu o Messias, o Filho de Deus». 
Jesus respondeu-lhe: «Tu o disseste. E Eu digo-vos: vereis o Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu». 
Então o sumo sacerdote rasgou as vestes, dizendo: «Blasfemou. Que necessidade temos de mais testemunhas? Acabais de ouvir a blasfémia. 
Que vos parece?». Eles responderam: «É réu de morte». 
Cuspiram-Lhe então no rosto e deram-Lhe punhadas. Outros esbofeteavam-n’O, 
dizendo: «Adivinha, Messias: quem foi que Te bateu?». 
Entretanto, Pedro estava sentado no pátio. Uma criada aproximou-se dele e disse-lhe: R «Tu também estavas com Jesus, o galileu». 
Mas ele negou diante de todos, dizendo: «Não sei o que dizes». 
Dirigindo-se para a porta, foi visto por outra criada que disse aos circunstantes: «Este homem estava com Jesus de Nazaré». 
E, de novo, ele negou com juramento: «Não conheço tal homem». 
Pouco depois, aproximaram-se os que ali estavam e disseram a Pedro: «Com certeza tu és deles, pois até a fala te denuncia». 
Começou então a dizer imprecações e a jurar: «Não conheço tal homem». E, imediatamente, um galo cantou. 
Então, Pedro lembrou-se das palavras que Jesus dissera: «Antes de o galo cantar, tu Me negarás três vezes». E, saindo, chorou amargamente. 
Ao romper da manhã, todos os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram em conselho contra Jesus, para Lhe darem a morte. 
Depois de Lhe atarem as mãos, levaram-n’O e entregaram-n’O ao governador Pilatos. 
Então Judas, que entregara Jesus, vendo que Ele tinha sido condenado, tocado pelo remorso, devolveu as trinta moedas de prata aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos, 
dizendo: «Pequei, entregando sangue inocente». Mas eles replicaram: «Que nos importa? É lá contigo». 
Então arremessou as moedas para o santuário, saiu dali e foi-se enforcar. 
Mas os príncipes dos sacerdotes apanharam as moedas e disseram: «Não se podem lançar no tesouro, porque são preço de sangue». 
E, depois de terem deliberado, compraram com elas o Campo do Oleiro, que servia para a sepultura dos estrangeiros. 
Por este motivo se tem chamado àquele campo, até ao dia de hoje, «Campo de Sangue». 
Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta: «Tomaram trinta moedas de prata, preço em que foi avaliado Aquele que os filhos de Israel avaliaram, 
e deram-nas pelo Campo do Oleiro, como o Senhor me tinha ordenado». 
Entretanto, Jesus foi levado à presença do governador, que Lhe perguntou: «Tu és o rei dos judeus?». Jesus respondeu: «É como dizes». 
Mas, ao ser acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu. 
Disse-Lhe então Pilatos: «Não ouves quantas acusações levantam contra Ti?». 
Mas Jesus não respondeu coisa alguma, a ponto de o governador ficar muito admirado. 
Ora, pela festa da Páscoa, o governador costumava soltar um preso, à escolha do povo. 
Nessa altura, havia um preso famoso, chamado Barrabás. 
E, quando eles se reuniram, disse-lhes Pilatos: «Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado Cristo?». 
Ele bem sabia que O tinham entregado por inveja. 
Enquanto estava sentado no tribunal, a mulher mandou-lhe dizer: «Não te prendas com a causa desse justo, pois hoje sofri muito em sonhos por causa d’Ele». 
Entretanto, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos persuadiram a multidão a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus. 
O governador tomou a palavra e perguntou-lhes: «Qual dos dois quereis que vos solte?». Eles responderam: «Barrabás». 
Disse-lhes Pilatos: «E que hei-de fazer de Jesus, chamado Cristo?». Responderam todos: «Seja crucificado». 
Pilatos insistiu: «Que mal fez Ele?». Mas eles gritavam cada vez mais: «Seja crucificado». 
Pilatos, vendo que não conseguia nada e aumentava o tumulto, mandou vir água e lavou as mãos na presença da multidão, dizendo: «Estou inocente do sangue deste homem. Isso é lá convosco». 
E todo o povo respondeu: «O seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos». 
Soltou-lhes então Barrabás. E, depois de ter mandado açoitar Jesus, entregou-lh’O para ser crucificado. 
Então os soldados do governador levaram Jesus para o pretório e reuniram à volta d’Ele toda a coorte. 
Tiraram-Lhe a roupa e envolveram-n’O num manto vermelho. 
Teceram uma coroa de espinhos e puseram-Lha na cabeça e colocaram uma cana na sua mão direita. Ajoelhando diante d’Ele, escarneciam-n’O, dizendo: «Salve, rei dos judeus!». 
Depois, cuspiam-Lhe no rosto e, pegando na cana, batiam-Lhe com ela na cabeça. 
Depois de O terem escarnecido, tiraram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram--n’O para ser crucificado. 
Ao saírem, encontraram um homem de Cirene, chamado Simão, e requisitaram-no para levar a cruz de Jesus. 
Chegados a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar do Calvário, 
deram-Lhe a beber vinho misturado com fel. Mas Jesus, depois de o provar, não quis beber. 
Depois de O terem crucificado, repartiram entre si as suas vestes, tirando-as à sorte, 
e ficaram ali sentados a guardá-l’O. 
Por cima da sua cabeça puseram um letreiro, indicando a causa da sua condenação: «Este é Jesus, o rei dos judeus». 
Foram crucificados com Ele dois salteadores, um à direita e outro à esquerda. 

Os que passavam insultavam-n’O e abanavam a cabeça, dizendo: 
«Tu, que destruías o templo e o reedificavas em três dias, salva-Te a Ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz». 
Os príncipes dos sacerdotes, juntamente com os escribas e os anciãos, também troçavam d’Ele, dizendo: 
«Salvou os outros e não pode salvar-Se a Si mesmo! Se é o rei de Israel, desça agora da cruz e acreditaremos 
Confiou em Deus: Ele que O livre agora, se O ama, porque disse: ’’Eu sou Filho de Deus n’Ele.”» 
Até os salteadores crucificados com Ele O insultavam. 
Desde o meio-dia até às três horas da tarde, as trevas envolveram toda a terra. 
E, pelas três horas da tarde, Jesus clamou com voz forte: «Eli, Eli, lemá sabactáni?», que quer dizer: «Meu Deus, meu Deus, porque Me abandonastes?». 
Alguns dos presentes, ouvindo isto, disseram: «Está a chamar por Elias». 
Um deles correu a tomar uma esponja, embebeu-a em vinagre, pô-la na ponta duma cana e deu-Lhe a beber. 
Mas os outros disseram: «Deixa lá. Vejamos se Elias vem salvá-l’O». 
E Jesus, clamando outra vez com voz forte, expirou. 
Então, o véu do templo rasgou-se em duas partes, de alto a baixo; a terra tremeu e as rochas fenderam-se. 
Abriram-se os túmulos, e muitos dos corpos de santos que tinham morrido ressuscitaram; 
e, saindo do sepulcro, depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos. 
Entretanto, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, ao verem o tremor de terra e o que estava a acontecer, ficaram aterrados e disseram: «Este era verdadeiramente Filho de Deus». 
Estavam ali, a observar de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galileia, para O servirem. 
Entre elas encontrava-se Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu. 
Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, que também se tinha tornado discípulo de Jesus. 
Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E Pilatos ordenou que lho entregassem. 
José tomou o corpo, envolveu-o num lençol limpo 
e depositou-o no seu sepulcro novo, que tinha mandado escavar na rocha. Depois rolou uma grande pedra para a entrada do sepulcro e retirou-se.
Entretanto, estavam ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas em frente do sepulcro. 
No dia seguinte, isto é, depois da Preparação, os príncipes dos sacerdotes e os fariseus foram ter com Pilatos 
e disseram-lhe: «Senhor, lembrámo-nos do que aquele impostor disse quando ainda era vivo: ‘Depois de três dias ressuscitarei’. 
Por isso, manda que o sepulcro seja mantido em segurança até ao terceiro dia, para que não venham os discípulos roubá-lo e dizer ao povo: ‘Ressuscitou dos mortos’. E a última impostura seria pior do que a primeira». 
Pilatos respondeu: «Tendes à vossa disposição a guarda: ide e guardai-o como entenderdes». 
Eles foram e guardaram o sepulcro, selando a pedra e pondo a guarda. 

«Bendito o que vem em nome do Senhor»


É sob dois aspetos bem diferentes que a festa de hoje apresenta aos filhos dos homens Aquele que a nossa alma deseja (Is 26,9), «o mais belo dos filhos dos homens» (Sl 44,3). E Ele atrai o nosso olhar sob esses dois aspetos; amamo-Lo sob um e sob o outro, porque num e noutro Ele é o Salvador dos homens. [...] 

Se considerarmos ao mesmo tempo a procissão de hoje e a Paixão, vemos Jesus, por um lado sublime e glorioso, por outro humilhado e doloroso. Porque na procissão Ele recebe honras reais, e na Paixão vemo-Lo castigado como um malfeitor. Aqui cercam-No a glória e a honra; além «não tem aparência nem beleza» (Is 53,2). Aqui temos a alegria dos homens e o orgulho do povo; além temos «a vergonha dos homens e o desprezo do povo» (Sl 21,7). Aqui aclamam-No dizendo: «Hossana ao Filho de David. Bendito seja o Rei de Israel que vem!» Além vociferam que merece a morte e escarnecem dele porque Se fez Rei de Israel. Aqui correm para Ele com palmas; além flagelam-Lhe o rosto com as mesmas palmas e batem-Lhe na cabeça com uma cana. Aqui cumulam-No de elogios; além afogam-No em injúrias. Aqui disputam-se para Lhe juncar o caminho com as vestes dos outros; além despojam-No das suas próprias vestes. Aqui recebem-No em Jerusalém como Rei justo e como Salvador; além é expulso de Jerusalém como um criminoso e um impostor. Aqui montam-No sobre um burro, rodeado de homenagens; além é pendurado da cruz, rasgado pelos chicotes, trespassado de chagas e abandonado pelos seus. [...] 

Senhor Jesus, quer o teu rosto apareça glorioso quer humilhado, sempre nele vemos brilhar a sabedoria. Do teu rosto irradia o fulgor da luz eterna (Sb 7,26). Que brilhe sempre sobre nós, Senhor, a luz do teu rosto (Sl 4,7), nas tristezas como nas alegrias. [...] Tu és a alegria e a salvação de todos, quer Te vejam montado no burro, quer suspenso do madeiro da cruz.


sábado, 8 de abril de 2017

Para congregar na unidade todos os filhos de Deus que estavam dispersos

Livro de Ezequiel 37,21-28. 

Assim fala o Senhor Deus: «Vou tirar os filhos de Israel do meio das nações para onde foram, vou reuni-los de toda a parte, para os reconduzir à sua terra. 
Farei deles um só povo, na sua terra, nas montanhas de Israel, e um só rei reinará sobre todos eles. Nunca mais tornarão a ser duas nações, nem ficarão divididos em dois reinos. 
Não voltarão a manchar-se com os seus ídolos, com todas as suas abominações e pecados. Hei-de livrá-los de todas as infidelidades que cometeram e hei-de purificá-los, para que sejam o meu povo e Eu seja o seu Deus. 
O meu servo David será o seu rei, o único pastor de todos eles. Caminharão segundo os meus mandamentos e obedecerão às minhas leis, pondo-as em prática. 
Habitarão na terra que dei ao meu servo Jacob, a terra em que moraram os vossos pais. Aí habitarão eles e os seus filhos e os filhos dos seus filhos para sempre; e o meu servo David será o seu soberano para sempre. 
Farei com eles uma aliança de paz, uma aliança eterna entre Mim e eles. Hei-de estabelecê-los, hei-de multiplicá-los e colocarei no meio deles o meu santuário para sempre. 
A minha morada será no meio deles: serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 
As nações saberão que Eu sou o Senhor, que santifico Israel, quando o meu santuário estiver no meio deles para sempre». 

Livro de Jeremias 31,10.11-12ab.13. 

Escutai, ó povos, a palavra do Senhor 
e anunciai-a às ilhas distantes: 
Aquele que dispersou Israel vai reuni-lo 
e guardá-lo como um pastor ao seu rebanho. 

O Senhor resgatou Jacob 
e libertou-o das mãos do seu dominador. 
Regressarão com brados de alegria ao monte Sião, 
acorrendo às bênçãos do Senhor. 

A virgem dançará alegremente, 
exultarão os jovens e os velhos. 
Converterei o seu luto em alegria 
e a sua dor será mudada em consolação e júbilo. 


Evangelho segundo S. João 11,45-56. 

Naquele tempo, muitos judeus que tinham vindo visitar Maria, para lhe apresentarem condolências pela morte de Lázaro, ao verem o que Jesus fizera, ressuscitando-o dos mortos, acreditaram n’Ele. 
Alguns deles, porém, foram ter com os fariseus e contaram-lhes o que Jesus tinha feito. 
Então os príncipes dos sacerdotes e os fariseus reuniram conselho e disseram: «Que havemos de fazer, uma vez que este homem realiza tantos milagres? 
Se O deixamos continuar assim, todos acreditarão n’Ele; e virão os romanos destruir-nos o nosso Lugar santo e toda a nação». 
Então Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: «Vós não sabeis nada. 
Não compreendeis que é melhor para nós morrer um só homem pelo povo do que perecer a nação inteira?» 
Não disse isto por si próprio; mas, porque era sumo sacerdote nesse ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação; 
e não só pela nação, mas também para congregar na unidade todos os filhos de Deus que andavam dispersos. 
A partir desse dia, decidiram matar Jesus. 
Por isso Jesus já não andava abertamente entre os judeus, mas retirou-Se para uma região próxima do deserto, para uma cidade chamada Efraim, e aí permaneceu com os discípulos. 
Entretanto, estava próxima a Páscoa dos judeus e muitos subiram da província a Jerusalém, para se purificarem, antes da Páscoa. 
Procuravam então Jesus e perguntavam uns aos outros no templo: «Que vos parece? Ele não virá à festa?» 

«Para congregar na unidade todos os filhos de Deus que estavam dispersos»


Está escrito: «Nós, que somos muitos, constituímos um só corpo em Cristo» (Rom 12,5), porque Cristo nos congrega na unidade, pelos laços do amor: «Ele que, de dois povos, fez um só, destruindo o muro de inimizade que os separava, anulando pela sua carne a Lei, os preceitos e as prescrições» (Ef 2,14-15). Temos, pois, de ter os mesmos sentimentos recíprocos: «Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os membros se alegram com ele» (1Cor 12,26). Por isso, prossegue São Paulo, «acolhei-vos uns aos outros, como Cristo também vos acolheu, para glória de Deus» (Rom 15,7). Acolhamo-nos uns aos outros, se queremos ter os mesmos sentimentos, «suportando-nos uns aos outros com caridade, solícitos em conservar a unidade de espírito, mediante o vínculo da paz» (Ef 4,2-3) Foi assim que Deus nos acolheu em Cristo, que disse: «Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu o seu Filho único» (Jo 3,16). Com efeito, o Filho foi dado em resgate pela vida de todos nós, e nós fomos libertados da morte, resgatados da morte e do pecado. 

São Paulo esclarece as perspetivas deste plano de salvação quando afirma que «Cristo Se fez servidor dos circuncisos, a fim de mostrar a veracidade de Deus» (Rom 15,8). Porque Deus tinha prometido aos patriarcas, pais dos judeus, que abençoaria a sua descendência, que seria tão numerosa como as estrelas do céu. Foi por isso que o Verbo, que é Deus, Se manifestou na carne e Se fez homem. Ele mantém na existência toda a criação e assegura o bem de tudo quanto existe, pois é Deus. Mas veio a este mundo e encarnou, «não para ser servido, mas», como Ele próprio afirmou, «para servir e dar a vida em resgate pela multidão» (Mc 10,45).


sexta-feira, 7 de abril de 2017

O mistério da Páscoa do Senhor

Livro de Jeremias 20,10-13. 

Disse Jeremias: «Eu ouvia as inventivas da multidão: ‘Terror por toda a parte! Denunciai-o, vamos denunciá-lo!’ Todos os meus amigos esperavam que eu desse um passo em falso: ‘Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele’. 
Mas o Senhor está comigo como herói poderoso e os meus perseguidores cairão vencidos. Ficarão cheios de vergonha pelo seu fracasso, ignomínia eterna que não será esquecida. 
Senhor do Universo, que sondais o justo e perscrutais os rins e o coração, possa eu ver o castigo que dareis a essa gente, pois a Vós confiei a minha causa. 
Cantai ao Senhor, louvai o Senhor, que salvou a vida do pobre das mãos dos perversos». 


Livro de Salmos 18(17),2-3a.3bc-4.5-6.7. 

Eu Vos amo, Senhor, minha força, 
minha fortaleza, meu refúgio e meu libertador. 
Meu Deus, auxílio em que ponho a minha confiança, 
sois meu protetor, minha defesa e meu salvador. 

Invoquei o Senhor – louvado seja Ele – 
e fiquei salvo dos meus inimigos. 
Cercaram-me as ondas da morte 
e encheram-me de terror as torrentes malignas; 

envolveram-me em laços funestos 
e a morte prendeu-me em suas redes. 
Na minha aflição invoquei o Senhor 
e clamei pelo meu Deus. 

Do seu templo Ele ouviu a minha voz 
e o meu clamor chegou aos seus ouvidos. 

Evangelho segundo S. João 10,31-42. 

Naquele tempo, os judeus agarraram em pedras para apedrejarem Jesus.
Então Jesus disse-lhes: «Apresentei-vos muitas boas obras, da parte de meu Pai. Por qual dessas obras Me quereis apedrejar?» 
Responderam os judeus: «Não é por qualquer boa obra que Te queremos apedrejar: é por blasfémia, porque Tu, sendo homem, Te fazes Deus». 
Disse-lhes Jesus: «Não está escrito na vossa Lei: ‘Eu disse: vós sois deuses’? 
Se a Lei chama ‘deuses’ a quem a palavra de Deus se dirigia, e a Escritura não pode abolir-se 
de Mim, que o Pai consagrou e enviou ao mundo, vós dizeis: ‘Estás a blasfemar’, por Eu ter dito: ‘Sou Filho de Deus’!» 
Se não faço as obras de meu Pai, não acrediteis. 
Mas se as faço, embora não acrediteis em Mim, acreditai nas minhas obras, para reconhecerdes e saberdes que o Pai está em Mim e Eu estou no Pai». 
De novo procuraram prendê-l’O, mas Ele escapou-Se das suas mãos. 
Jesus retirou-Se novamente para além do Jordão, para o local onde anteriormente João tinha estado a batizar e lá permaneceu. 
Muitos foram ter com Ele e diziam: «É certo que João não fez nenhum milagre, mas tudo o que disse deste homem era verdade». 
E muitos ali acreditaram em Jesus. 

O mistério da Páscoa do Senhor


O mistério da Páscoa realizou-se no corpo do Senhor. Mas Ele já tinha anunciado os seus sofrimentos pelos patriarcas, pelos profetas e por todo o seu povo; tinha-os confirmado por meio de um selo, visível na Lei e nos profetas. Esse futuro inaudito e grandioso foi preparado desde longa data; pré-figurado desde há muito, o mistério do Senhor tornou-se visível hoje, porque antigo e novo é o mistério do Senhor. […] 

Queres, pois, ver o mistério do Senhor? Contempla Abel, como Ele assassinado, Isaac, como Ele preso, José, como Ele vendido, Moisés, como Ele exposto, David, como Ele acossado, os profetas, como Ele maltratados em nome de Cristo. Contempla, por fim, a ovelha imolada na terra do Egito, que atingiu o Egito e salvou Israel pelo seu sangue. 

Também pela voz dos profetas foi anunciado o mistério do Senhor. Moisés disse ao povo: «A tua vida estará como em suspenso diante de ti. Tremerás de noite e de dia não acreditarás no teu próprio viver» (Dt 28,66). E David: «Porque se amotinam as nações, porquê este burburinho insano dos povos? Sublevam-se os reis da terra, os príncipes conspiram entre si contra o Senhor e contra o seu ungido» (Sl 2,1-2). E Jeremias: «E eu, como manso cordeiro, conduzido ao matadouro, ignorava as maquinações tramadas contra mim, dizendo: […] "Arranquemo-la da terra dos vivos, que o seu nome caia no esquecimento"» (Jer 11,19). E Isaías: «Foi maltratado e resignou-se, como cordeiro levado ao matadouro, como ovelha emudecida nas mãos do tosquiador. Sem defesa, sem justiça o levaram, quem meditou no seu destino?» (Is 53,7-8) 

Muitos outros acontecimentos foram anunciados por numerosos profetas acerca do mistério da Páscoa, que é Cristo. […] Foi Ele quem nos livrou da servidão do mundo, como da terra do Egito, e nos arrancou à escravidão do demónio, como à mão do Faraó.


quinta-feira, 6 de abril de 2017

Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia

Livro de Génesis 17,3-9. 
Naqueles dias, Abrão caiu de rosto por terra e Deus falou-lhe assim: 
«Esta é a minha aliança contigo: Serás pai de um grande número de nações. 
Já não te chamarás Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque farei de ti o pai de um grande número de nações. 
Farei que tenhas incontável descendência que dês origem a povos e de ti sairão reis. 
Estabelecerei a minha aliança contigo e com a tua descendência, de geração em geração. Será uma aliança perpétua, para que Eu seja o teu Deus e o Deus dos teus futuros descendentes. 
A ti e à tua futura descendência darei a terra em que tens habitado como estrangeiro, toda a terra de Canaã, em posse perpétua. Serei o vosso Deus». 
Deus disse ainda a Abraão: «Guardarás a minha aliança, tu e a tua descendência, de geração em geração. 

Livro de Salmos 105(104),4-5.6-7.8-9. 
Procurai o Senhor e o seu poder, 
buscai sempre a sua face. 
Recordai as suas maravilhas, 
os seus prodígios e os oráculos da sua boca. 

Vós, descendentes de Abraão, seu servo, 
filhos de Jacob, seu eleito, 
o Senhor é o nosso Deus 
e as suas sentenças são lei em toda a terra. 

Ele recorda sempre a sua aliança, 
a palavra que empenhou para mil gerações, 
o pacto que estabeleceu com Abraão, 
o juramento que fez a Isaac. 


Evangelho segundo S. João 8,51-59. 
Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: «Em verdade, em verdade vos digo: Se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte». 
Responderam-Lhe os judeus: «Agora sabemos que tens o demónio. Abraão morreu, os profetas também, mas Tu dizes: ‘Se alguém guardar a minha palavra, nunca sofrerá a morte’. 
Serás Tu maior do que o nosso pai Abraão, que morreu? E os profetas também morreram. Quem pretendes ser?» 
Disse-lhes Jesus: «Se Eu Me glorificar a Mim próprio, a minha glória não vale nada. Quem Me glorifica é meu Pai, Aquele de quem dizeis: ‘É o nosso Deus’. 
Vós não O conheceis, mas Eu conheço-O; e se dissesse que não O conhecia, seria mentiroso como vós. Mas Eu conheço-O e guardo a sua palavra. 
Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; ele viu-o e exultou de alegria». 
Disseram-Lhe então os judeus: «Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?!» 
Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Antes de Abraão existir, ‘Eu sou’». 
Então agarraram em pedras para apedrejarem Jesus, mas Ele ocultou-Se e saiu do templo. 


«Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia»


Consideremos a recompensa que Abraão pede ao Senhor. Não Lhe pede riquezas, como um avaro, nem vida longa, como quem teme a morte, nem poder, mas um digno herdeiro do seu trabalho. «Que me dareis, Senhor Deus, vou-me sem filhos» (Gn 15,2). […] Agar deu à luz um filho, Ismael, mas Deus diz-lhe: «Não é ele que será o teu herdeiro, mas aquele que sairá das tuas entranhas» (Gn 15,4). De quem fala Ele? Não se trata de Ismael, mas de Santo Isaac. […] Em Isaac, filho legítimo, podemos ver o verdadeiro Filho legítimo, o Senhor Jesus Cristo, que, no começo do evangelho de São Mateus, é chamado filho de Abraão (Mt 1,1). Ele mostrou ser um verdadeiro filho de Abraão, fazendo resplandecer a descendência do seu antepassado; foi graças a Ele que Abraão, olhando para o céu, viu brilhar a sua posteridade como as estrelas (Gn 15,5). O apóstolo Paulo afirma: «Uma estrela difere da outra em resplendor. Assim também é a ressurreição dos mortos» (1Cor 15,41-42). Ao associar à sua ressurreição os homens que a morte mantinha na terra, Cristo fê-los participar no reino dos céus. 

A filiação de Abraão apenas se propagou pela herança da fé, que nos prepara para o céu, nos aproxima dos anjos, nos eleva até às estrelas. Disse Deus: «"Será assim a tua descendência." Abraão confiou no Senhor» (Gn 15,5-6). Ele acreditou que, pela sua encarnação, Cristo seria seu herdeiro. Para to fazer compreender, o Senhor afirmou: «Abraão exultou por ver o meu dia.» Deus considerou-o justo porque ele não pediu explicações, antes acreditou sem a menor hesitação. É bom que a fé se sobreponha às explicações, pois de outro modo parecia que estávamos a exigi-las ao Senhor nosso Deus, como quem as exige a um homem. Que inconveniência, acreditar nos homens quando eles dão testemunho de outro, e não acreditar em Deus, quando fala de Si! Imitemos, pois, Abraão, para herdarmos o mundo pela justificação da fé, que o tornou a ele herdeiro da terra.




quarta-feira, 5 de abril de 2017

Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão

Livro de Daniel 3,14-20.91-92.95. 

Naqueles dias, Nabucodonosor, rei de Babilónia, disse aos três jovens israelitas: «Será verdade, Sidrac, Misac e Abdénago, que não prestais culto aos meus deuses, nem adorais a estátua de ouro que mandei levantar? 
Pois bem. Quando ouvirdes tocar a trombeta, a flauta, a cítara, a harpa, o saltério, a gaita de foles e todos os outros instrumentos, estais dispostos a prostrar-vos e adorar a estátua que mandei fazer? Se não a quiserdes adorar, sereis imediatamente lançados na fornalha ardente. E qual é o deus que poderá livrar-Vos das minhas mãos?». 
Sidrac, Misac e Abdénago responderam ao rei Nabucodonosor: «Não é necessário responder-te a propósito disto, ó rei. 
O nosso Deus, a quem prestamos culto, pode livrar-nos da fornalha ardente e livrar-nos também das tuas mãos. 
Mas ainda que o não faça, fica sabendo, ó rei, que não prestamos culto aos teus deuses, nem adoraremos a estátua de ouro que mandaste levantar». 
Então Nabucodonosor encheu-se de cólera e alterou o semblante contra Sidrac, Misac e Abdénago. Mandou aquecer a fornalha sete vezes mais do que o costume 
e ordenou a alguns dos seus mais valentes guerreiros que ligassem Sidrac, Misac e Abdénago e os lançassem na fornalha ardente. 
Entretanto, o rei Nabucodonosor, sobressaltado, levantou-se precipitadamente e perguntou aos seus conselheiros: «Não é verdade que ligámos e lançámos três homens na fornalha ardente?» Eles responderam: «Certamente, ó rei». 
Continuou o rei: «Mas eu vejo quatro homens a passearem livremente no meio do fogo sem nada sofrerem e o quarto tem o aspeto de um filho dos deuses». 
Então Nabucodonosor exclamou: «Bendito seja o Deus de Sidrac, Misac e Abdénago, que enviou o seu Anjo para livrar os seus servos, que, confiando n’Ele, desobedeceram à ordem do rei e arriscaram a sua vida a fim de não prestarem culto ou adoração a qualquer divindade que não fosse o seu Deus». 

Livro de Daniel 3,52.53.54.55.56. 

Bendito sejais, Senhor, Deus dos nossos pais: 
digno de louvor e de glória para sempre. 
Bendito o vosso nome glorioso e santo: 
digno de louvor e de glória para sempre. 

Bendito sejais no templo santo da vossa glória: 
digno de louvor e de glória para sempre. 
Bendito sejais no trono da vossa realeza: 
digno de louvor e de glória para sempre. 

Bendito sejais, Vós que sondais os abismos 
e estais sentado sobre os Querubins: 
digno de louvor e de glória para sempre. 
Bendito sejais no firmamento do céu: 
digno de louvor e de glória para sempre. 

Evangelho segundo S. João 8,31-42. 

Naquele tempo, dizia Jesus aos judeus que tinham acreditado n’Ele: «Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, 
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará». 
Eles responderam-Lhe: «Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que Tu dizes: ‘Ficareis livres’?» 
Respondeu Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: Todo aquele que comete o pecado é escravo. 
Ora o escravo não fica para sempre em casa ; o filho é que fica para sempre. 
Mas se o Filho vos libertar, sereis realmente homens livres. 
Bem sei que sois descendentes de Abraão; mas procurais matar-Me, porque a minha palavra não entra em vós. 
Eu digo o que vi junto de meu Pai e vós fazeis o que ouvistes ao vosso pai». 
Eles disseram: «O nosso pai é Abraão». Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 
Mas procurais matar-Me, a Mim que vos disse a verdade que ouvi de Deus. Abraão não procedeu assim. 
Vós fazeis as obras do vosso pai». Disseram-Lhe eles: «Nós não somos filhos ilegítimos; só temos um pai, que é Deus». 
Respondeu-lhes Jesus: «Se Deus fosse o vosso Pai, amar-Me-íeis, porque saí de Deus e d’Ele venho. Eu não vim de Mim próprio; foi Ele que Me enviou». 

«Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão».


Logo que foi chamado, Abraão partiu, seguindo a Deus. Não se erigiu em juiz da palavra que lhe era dirigida. Não se deixou deter pelas suas ligações familiares, nem pelo seu amor ao país e aos amigos, nem por qualquer outro laço humano. A partir do momento em que ouviu a palavra e soube que se tratava de Deus, ouviu-a com simplicidade, tomando-a como verdadeira pela fé. Desprezando tudo o resto, pôs-se a caminho com a inocência da natureza, que não procura enganar nem fazer o mal. Correu para a palavra de Deus como uma criança corre para seu pai. […] 

Deus tinha-lhe dito: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai, e vai para a terra que Eu te indicar» (Gn 12,1). Foi para fazer triunfar a fé de Abraão e tornar resplandecente a sua simplicidade, que Deus não lhe revelou o país para onde o chamava; parecia conduzi-lo para Canaã, mas a promessa falava-lhe de outro país, o da vida que está nos céus. Como atesta S. Paulo: «Esperava a cidade assentada sobre sólidos fundamentos, cujo arquiteto e construtor é Deus» (Heb 11,10). […] Melhor ainda, a fim de nos mostrar claramente que esta promessa não dizia respeito a uma pátria terrena, depois de ter levado Abraão a sair da sua terra, Ur dos Caldeus, Deus não o conduziu imediatamente ao país de Canaã, tendo começado por retê-lo em Harrane e não lhe revelando imediatamente o nome do país para onde o conduzia; deste modo, Abraão não sairia da Caldeia atraído apenas pela recompensa prometida. 

Considera, pois, ó discípulo, esta saída de Abraão, e que a tua se assemelhe à dele! Não tardes em responder ao apelo vivo de Cristo que te chama. No passado, Ele dirigiu-Se apenas a Abraão; hoje, através do seu Evangelho, chama todos quantos querem ser chamados, convidando-os a segui-Lo, porque o seu chamamento dirige-se a todos os homens. […] No passado, escolheu apenas Abraão; hoje, pede a todos que imitem Abraão.

terça-feira, 4 de abril de 2017

Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’

Livro de Números 21,4-9. 

Naqueles dias, os filhos de Israel partiram do monte Hor para o Mar Vermelho, contornando a terra de Edom. No caminho o povo impacientou-se 
e falou contra Deus e contra Moisés: «Porque nos fizeste sair do Egipto, para morrermos neste deserto? Aqui não há pão nem água e já nos causa fastio este alimento miserável». 
Então o Senhor mandou contra o povo serpentes venenosas que mordiam nas pessoas e morreu muita gente de Israel. 
O povo dirigiu-se a Moisés, dizendo: «Pecámos, ao falar contra o Senhor e contra ti. Intercede junto do Senhor, para que afaste de nós as serpentes». E Moisés intercedeu pelo povo. 
Então o Senhor disse a Moisés: «Faz uma serpente de bronze e coloca-a sobre um poste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela ficará curado». 
Moisés fez uma serpente de bronze e fixou-a num poste. Quando alguém, era mordido por uma serpente, olhava para a serpente de bronze e ficava curado. 

Livro de Salmos 102(101),2-3.16-18.19-21. 

Ouvi, Senhor, a minha oração 
e chegue até Vós o meu clamor. 
Não escondais o vosso rosto 
no dia da minha aflição. 
Inclinai para mim o vosso ouvido; 
no dia em que chamar por Vós 

respondei-me sem demora. 
Os povos temerão, Senhor, o vosso nome, 
todos os reis da terra a vossa glória. 
Quando o Senhor reconstruir Sião 
e manifestar a sua glória, 
atenderá a súplica do infeliz 

e não desprezará a sua oração. 
Escreva-se tudo isto para as gerações futuras 
e o povo que se há de formar louvará o Senhor. 
Debruçou-Se do alto da sua morada, 
lá do Céu o Senhor olhou para a terra, 
para ouvir os gemidos dos cativos, 

para libertar os condenados à morte. 

Evangelho segundo S. João 8,21-30. 

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou». 
Diziam então os judeus: «Irá Ele matar-Se? Será por isso que Ele afirma: ‘Vós não podeis ir para onde Eu vou’?» 
Mas Jesus continuou, dizendo: «Vós sois cá de baixo, Eu sou lá de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou deste mundo. 
Ora Eu disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditardes que ‘Eu sou’, morrereis nos vossos pecados». 
Então perguntaram-Lhe: «Quem és Tu?» Respondeu-lhes Jesus: «Absolutamente aquilo que vos digo. 
Tenho muito que dizer e julgar a respeito de vós. Mas Aquele que Me enviou é verdadeiro e Eu comunico ao mundo o que Lhe ouvi». 
Eles não compreenderam que lhes falava do Pai. 
Disse-lhes então Jesus: «Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’ e que por Mim nada faço, mas falo como o Pai Me ensinou. 
Aquele que Me enviou está comigo: não Me deixou só, porque Eu faço sempre o que é do seu agrado». 
Enquanto Jesus dizia estas palavras, muitos acreditaram n’Ele. 

«Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’».


Cristo tomou a morte e pregou-a na cruz, e os homens mortais foram libertados da morte. O Senhor recorda o que aconteceu no passado de forma simbólica: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna» (Jo 3,14-15). Mistério profundo! [...] Com efeito, o Senhor ordenou a Moisés que fizesse uma serpente de bronze, a elevasse sobre um poste no meio do deserto, e comunicasse ao povo de Israel que, se alguém fosse mordido por uma serpente, olhasse para a serpente elevada no alto do poste. Os israelitas olhavam para ela e ficavam curados (Nm 21,6-9). 

O que representam as serpentes que mordem? Representam os pecados que provêm da mortalidade da carne. E o que é a serpente que foi elevada? É a morte do Senhor na cruz. Com efeito, como a morte veio pela serpente (Gn 3), foi simbolizada pela efígie de uma serpente. A mordedura da serpente produz a morte; a morte do Senhor dá a vida. O que significa isto? Que, para que a morte deixe de ter poder, temos de olhar para a morte. Mas para a morte de quem? Para a morte da Vida - se se pode falar da morte da Vida; e, como se pode, a expressão é maravilhosa. Hesitarei em referir o que o Senhor Se dignou fazer por mim? Pois Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo foi crucificado. Cristo não é a Vida? E, contudo, Cristo morreu. Na morte de Cristo, a morte encontrou a morte. [...]; a plenitude da vida engoliu a morte, a morte foi aniquilada no corpo de Cristo. É isto que diremos à ressurreição quando cantarmos triunfantes: «Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?» (1Cor 15,55).


domingo, 2 de abril de 2017

Justiça e misericórdia

Livro de Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6. 

O Senhor é meu pastor: nada me falta. 
Leva-me a descansar em verdes prados, 
conduz-me às águas refrescantes 
e reconforta a minha alma. 

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome. 
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos, 
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo: 
o vosso cajado e o vosso báculo 

me enchem de confiança. 
Para mim preparais a mesa 
à vista dos meus adversários; 
com óleo me perfumais a cabeça 

e meu cálice transborda. 
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me 
todos os dias da minha vida, 
e habitarei na casa do Senhor 
para todo o sempre. 

Evangelho segundo S. João 8,1-11. 

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras. 
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar. 
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus: 
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?». 
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão. 
Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». 
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão. 
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio. 
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?». 
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar». 

Justiça e misericórdia


Os fariseus disseram uns aos outros a propósito de Jesus: «Ele tem fama de ser verdadeiro, e respira ternura; é no campo da justiça que temos de O atacar. Vamos trazer-Lhe uma mulher apanhada em flagrante delito de adultério e recordar-Lhe o que a Lei ordena sobre essa matéria». 

Que responde o Senhor Jesus? Que responde a Verdade? Que responde a Sabedoria? Que responde a própria Justiça assim posta em causa? Jesus não diz: «Que ela não seja lapidada», porque não quer opor-Se à Lei. Contudo, também não diz: «Que seja lapidada», porque não veio para perder o que tinha encontrado, mas para procurar o que estava perdido. Que responde então? Vede como Ele estava cheio ao mesmo tempo de justiça, de ternura e de verdade: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Resposta de sabedoria, que os faz entrar em si mesmos! As suas manobras eram exteriores, mas não olhavam para o fundo do seu próprio coração. Viam a adúltera, mas não se observavam a si mesmos. [...] 

Esta é a voz da justiça: que a culpada seja punida, mas não por culpados; que a Lei seja executada, mas não por quem viola a Lei. [...] Feridos por esta justiça como pelo ferro de uma lança, eles entraram em si mesmos e, descobrindo-se pecadores, «foram saindo um após outro».




Justiça e misericórdia

Livro de Salmos 23(22),1-3a.3b-4.5.6. 

O Senhor é meu pastor: nada me falta.
Leva-me a descansar em verdes prados,
conduz-me às águas refrescantes
e reconforta a minha alma.

Ele me guia por sendas direitas por amor do seu nome.
Ainda que tenha de andar por vales tenebrosos,
não temerei nenhum mal, porque Vós estais comigo:
o vosso cajado e o vosso báculo

me enchem de confiança.
Para mim preparais a mesa
à vista dos meus adversários;
com óleo me perfumais a cabeça

e meu cálice transborda.
A bondade e a graça hão-de acompanhar-me
todos os dias da minha vida,
e habitarei na casa do Senhor
para todo o sempre.

Evangelho segundo S. João 8,1-11. 

Naquele tempo, Jesus foi para o monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo, e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l’O, ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Disse então Jesus: «Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Justiça e misericórdia


Os fariseus disseram uns aos outros a propósito de Jesus: «Ele tem fama de ser verdadeiro, e respira ternura; é no campo da justiça que temos de O atacar. Vamos trazer-Lhe uma mulher apanhada em flagrante delito de adultério e recordar-Lhe o que a Lei ordena sobre essa matéria».

Que responde o Senhor Jesus? Que responde a Verdade? Que responde a Sabedoria? Que responde a própria Justiça assim posta em causa? Jesus não diz: «Que ela não seja lapidada», porque não quer opor-Se à Lei. Contudo, também não diz: «Que seja lapidada», porque não veio para perder o que tinha encontrado, mas para procurar o que estava perdido. Que responde então? Vede como Ele estava cheio ao mesmo tempo de justiça, de ternura e de verdade: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra». Resposta de sabedoria, que os faz entrar em si mesmos! As suas manobras eram exteriores, mas não olhavam para o fundo do seu próprio coração. Viam a adúltera, mas não se observavam a si mesmos. [...]

Esta é a voz da justiça: que a culpada seja punida, mas não por culpados; que a Lei seja executada, mas não por quem viola a Lei. [...] Feridos por esta justiça como pelo ferro de uma lança, eles entraram em si mesmos e, descobrindo-se pecadores, «foram saindo um após outro».


Vede como era seu amigo

Livro de Ezequiel 37,12-14. 

Assim fala o Senhor Deus: «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel.
Haveis de reconhecer que Eu sou o Senhor, quando abrir os vossos túmulos e deles vos fizer ressuscitar, ó meu povo.
Infundirei em vós o meu espírito e revivereis. Hei de fixar-vos na vossa terra, e reconhecereis que Eu, o Senhor, digo e faço».

Livro de Salmos 130(129),1-2.3-4ab.4c-6.7-8. 

Do profundo abismo chamo por Vós, Senhor, 
Senhor, escutai a minha voz. 
Estejam os vossos ouvidos atentos 
à voz da minha súplica. 
Se tiverdes em conta as nossas faltas, 
Senhor, quem poderá salvar-se? 

Mas em Vós está o perdão 
para Vos servirmos com reverência. 
Eu confio no Senhor, 
a minha alma espera na sua palavra. 
Eu confio no Senhor, 
a minha alma confia na sua palavra. 

A minha alma espera pelo Senhor, 
mais do que as sentinelas pela aurora. 
Porque no Senhor está a misericórdia 
e com Ele abundante redenção. 
Ele há de libertar Israel 
de todas as suas faltas. 


Carta aos Romanos 8,8-11. 

Irmãos: Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 
Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. 
Se Cristo está em vós, embora o vosso corpo seja mortal por causa do pecado, o espírito permanece vivo por causa da justiça. 
E, se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. 

Evangelho segundo S. João 11,1-45. 

Naquele tempo, estava doente certo homem, Lázaro de Betânia, aldeia de Marta e de Maria, sua irmã. 
Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com perfume e Lhe tinha enxugado os pés com os cabelos. Era seu irmão Lázaro, que estava doente. 
As irmãs mandaram então dizer a Jesus: «Senhor, o teu amigo está doente». 
Ouvindo isto, Jesus disse: «Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho do homem». 
Jesus era amigo de Marta, de sua irmã e de Lázaro. 
Entretanto, depois de ouvir dizer que ele estava doente, ficou ainda dois dias no local onde Se encontrava. 
Depois disse aos discípulos: «Vamos de novo para a Judeia». 
Os discípulos disseram-Lhe: «Mestre, ainda há pouco os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá?». 
Jesus respondeu: «Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 
Mas, se andar de noite, tropeça, porque não tem luz consigo». 
Dito isto, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro dorme, mas Eu vou despertá-lo». 
Disseram então os discípulos: «Senhor, se dorme, estará salvo». 
Jesus referia-se à morte de Lázaro, mas eles entenderam que falava do sono natural. 
Disse-lhes então Jesus abertamente: «Lázaro morreu; 
por vossa causa, alegro-Me de não ter estado lá, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele». 
Tomé, chamado Dídimo, disse aos companheiros: «Vamos nós também, para morrermos com Ele». 
Ao chegar, Jesus encontrou o amigo sepultado havia quatro dias. 
Betânia distava de Jerusalém cerca de três quilómetros. 
Muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria, para lhes apresentar condolências pela morte do irmão. 
Quando ouviu dizer que Jesus estava a chegar, Marta saiu ao seu encontro, enquanto Maria ficou sentada em casa. 
Marta disse a Jesus: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 
Mas sei que, mesmo agora, tudo o que pedires a Deus, Deus To concederá». 
Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará». 
Marta respondeu: «Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último dia». 
Disse-lhe Jesus: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem acredita em Mim, ainda que tenha morrido, viverá; 
e todo aquele que vive e acredita em Mim nunca morrerá. Acreditas nisto?». 
Disse-Lhe Marta: «Acredito, Senhor, que Tu és o Messias, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo». 
Dito isto, retirou-se e foi chamar Maria, a quem disse em segredo: «O Mestre está ali e manda-te chamar». 
Logo que ouviu isto, Maria levantou-se e foi ter com Jesus. 
Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar em que Marta viera ao seu encontro. 
Então os judeus que estavam com Maria em casa para lhe apresentar condolências, ao verem-na levantar-se e sair rapidamente, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para chorar. 
Quando chegou aonde estava Jesus, Maria, logo que O viu, caiu-Lhe aos pés e disse-Lhe: «Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido». 
Jesus, ao vê-la chorar, e vendo chorar também os judeus que vinham com ela, comoveu-Se profundamente e perturbou-Se. 
Depois perguntou: «Onde o pusestes?». Responderam-Lhe: «Vem ver, Senhor». 
E Jesus chorou. 
Diziam então os judeus: «Vede como era seu amigo». 
Mas alguns deles observaram: «Então Ele, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito que este homem não morresse?». 
Entretanto, Jesus, intimamente comovido, chegou ao túmulo. Era uma gruta, com uma pedra posta à entrada. 
Disse Jesus: «Tirai a pedra». Respondeu Marta, irmã do morto: «Já cheira mal, Senhor, pois morreu há quatro dias». 
Disse Jesus: «Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus?». 
Tiraram então a pedra. Jesus, levantando os olhos ao Céu, disse: «Pai, dou-Te graças por Me teres ouvido. 
Eu bem sei que sempre Me ouves, mas falei assim por causa da multidão que nos cerca, para acreditarem que Tu Me enviaste». 
Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, sai para fora». 
O morto saiu, de mãos e pés enfaixados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Disse-lhes Jesus: «Desligai-o e deixai-o ir». 
Então muitos judeus, que tinham ido visitar Maria, ao verem o que Jesus fizera, acreditaram n’Ele. 

«E Jesus chorou. Diziam então os judeus: "Vede como era seu amigo"».


Porque eras Deus verdadeiro, Tu conhecias, Senhor, o sono de Lázaro e preveniste os teus discípulos. [...] Mas na tua carne - Tu que não tens limites - vens até Betânia. Como verdadeiro homem, choras sobre Lázaro; como verdadeiro Deus, ressuscitas pela tua vontade aquele que estava morto há quatro dias. [...] Tem piedade de mim, Senhor; muitas são as minhas transgressões. Traz-me de volta, eu Te suplico, do abismo dos males em que me encontro. Foi por Ti que eu gritei; escuta-me, Deus da minha salvação. 

Chorando sobre o teu amigo, na tua compaixão puseste fim às lágrimas de Marta; pela tua Paixão voluntária, secaste todas as lágrimas do rosto do teu povo (Is 25,8). «Bendito sejas, Deus de nossos pais!» (Esd 7,27). Guardião da vida, chamaste um morto como se ele dormisse. Com uma palavra, rasgaste o ventre dos infernos e ressuscitaste aquele que começou a cantar: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!» A mim, estrangulado pelas amarras dos meus pecados, ergue-me também e eu cantarei: «Bendito sejas, Deus dos nossos pais!» [...]  

Em reconhecimento, Maria traz-Te, Senhor, um vaso de mirra que estaria preparado para seu irmão (Jo 12,3) e canta-Te por todos os séculos. Como mortal, invocas o Pai; como Deus, despertas Lázaro. Por isso nós Te cantamos, ó Cristo, pelos séculos dos séculos. [...] Tu despertas Lázaro, morto há quatro dias; fá-lo erguer-se do túmulo, designando-o assim como testemunha verídica da tua ressurreição ao terceiro dia. Tu andas, falas, choras, meu Salvador, mostrando a tua natureza humana; mas, ao despertares Lázaro, revelas a tua natureza divina. De maneira indizível, Senhor, meu Salvador, de acordo com as tuas duas naturezas e de forma soberana, Tu operaste a minha salvação.