Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: «Havia um homem rico, que se vestia de linho fino e se banqueteava esplendidamente todos os dias.
Um pobre chamado Lázaro jazia junto do seu portão, coberto de chagas.
Bem desejava ele saciar-se com os restos caídos da mesa do rico; mas até os cães vinham lamber-lhe as chagas.
Ora sucedeu que o pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.
Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado.
Então ergueu a voz e disse: ‘Pai Abraão, tem compaixão de mim. Envia Lázaro, para que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nestas chamas’.
Abraão respondeu-lhe: ‘Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em vida e Lázaro apenas os males. Por isso, agora ele encontra-se aqui consolado, enquanto tu és atormentado.
Além disso, há entre nós e vós um grande abismo, de modo que, se alguém quisesse passar daqui para junto de vós, não poderia fazê-lo’.
O rico exclamou: ‘Então peço-te, ó pai, que mandes Lázaro à minha casa paterna — pois tenho cinco irmãos,
para que os previna, a fim de que não venham também para este lugar de tormento’.
Disse-lhe Abraão: ‘Eles têm Moisés e os Profetas: que os oiçam’.
Mas ele insistiu: ‘Não, pai Abraão. Se algum dos mortos for ter com eles, arrepender-se-ão’.
Abraão respondeu-lhe: ‘Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, também não se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dos mortos’».
Comentário do dia
São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo
Sermão 1 sobre o amor dos pobres: PG 46, 463-466
Vivamos segundo Deus
Nós, que por cada palavra da divina Escritura somos convidados à imitação do Senhor que nos criou na sua benevolência, eis que desviamos tudo para nossa própria utilidade, medimos tudo de acordo com a nossa vantagem. Atribuímo-nos bens para a nossa própria vida e reservamos o resto para os nossos herdeiros. E não pensamos nas pessoas que estão na miséria nem nos preocupamos minimamente com os pobres. Oh corações sem misericórdia!
Um homem vê o seu próximo sem pão e sem meios para obter o alimento indispensável e, longe de se apressar a oferecer-lhe a sua ajuda para o tirar da miséria, observa-o como observaria uma planta verdejante em vias de secar por falta de água. E, no entanto, este homem possui uma riqueza imensa e seria capaz de oferecer a muitos a ajuda dos seus bens. Do mesmo modo que o débito de uma única fonte pode irrigar numerosos campos numa grande extensão, assim a opulência de uma só casa consegue salvar da miséria um grande número de pobres, a menos que a parcimónia e a avareza do homem o venha a impedir, tal como uma rocha que cai num ribeiro lhe desvia o curso.
Não vivamos unicamente segundo a carne, vivamos segundo Deus.
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